Noruega: O Museu do Barco Viking de Oslo

Três impressionantes barcos vikings originais restaurados e seus objetos


Vikingskipshuset (Museu do Barco Viking) é uma das atrações mais interessantes de Oslo na minha opinião. Apesar de conhecer os principais museus de arqueologia do mundo, nunca estive frente a frente com um barco viking original. É algo realmente incrível! Os barcos foram usados como tumba e enterrados junto com seus supostos donos e objetos pessoais.


COMO CHEGAR?

O museu está localizado na Península Bygdøy, em Oslo, e é possível chegar lá através de transporte público. Uma das opções é o ônibus nº 30 que parte a cada 10 min de Jernbanetorget (Estação Central de Oslo), Rådhuset (Prefeitura) e Solli. A segunda opção, que eu escolhi, é o ferry que parte de Rådhuskaien (City Hall Pier), de abril a outubro, a cada 20 min. Existem as seguintes opções de ticket de ferry: Só ida, comprada na bilheteria (50 NOK); Só ida, comprada no ferry (60 NOK) e ida/volta (75 NOK). Valores de julho 2019. O ferry faz duas paradas para desembarque. A parada do Museu do Barco Viking é a primeira. Como visitei também o Museu Kon-Tiki, que fica na segunda parada do ferry, fui caminhando depois até lá (1,2 km / 15 min).

Localização dos museus em Bygdøy


O MUSEU

O museu é basicamente composto de 3 barcos vikings originais descobertos em escavações próximas de Oslo e que foram restaurados para exibição junto com os objetos encontrados. Os barcos foram batizados com os nomes das localidades onde foram descobertos: Oseberg, Gokstad e Tune. Existem também fragmentos de um quarto barco escavado em Borrehaugene.

Aberto diariamente:
- 1 de maio a 30 de setembro: 9h00 às 18h00
- 1 outubro - 30 abril: 10h às 16h00
Fechado: 1 de janeiro, 6 de fevereiro e 13 de fevereiro

Os ingressos não são vendidos online, apenas na entrada do museu, não havendo necessidade de comprar antecipadamente. Aceita-se cartão de crédito para pagamento. Além da entrada no Museu do Barco Viking, os ingressos são válidos também para a entrada no Museu Histórico por 48 horas. A entrada custou 100 NOK (julho 2019). Mais informações no site do museu: https://www.khm.uio.no/english/.

Entrada do Museu do Barco Viking


BARCO DE OSEBERG

O barco de Oseberg foi construído em carvalho por volta do ano 820 dC e descoberto em 1903 na fazenda Oseberg, no sudoeste da Noruega. A proa e a popa são ricamente esculpidas e termina na cabeça de uma serpente em espiral. Considera-se que um navio com decoração tão ornamentada pertenceu a membros especiais da aristocracia. Uma curiosidade é que foram encontrados restos mortais de duas mulheres no "barco-tumba". Existem 15 buracos de remo em cada lado, logo, poderia ser tripulado por 30 remadores. Os remos não mostram sinais de desgaste, então talvez tenham sido feitos especialmente para o enterro. A sua escavação durou 5 meses e a restauração durou 21 anos!

O barco de Oseberg mede 22 m de comprimento e 5 m de largura


Imagens da escavação do barco de Oseberg em 1903


BARCO DE GOKSTAD

O barco de Gokstad foi construído por volta de 890 dC, no auge do período Viking. Era um navio rápido e flexível, adequado para viagens em alto mar de descobertas e invasões. Supõe-se que tenha sido usado para navegar até a Islândia. O navio é feito de carvalho e mede 5,18 m de largura e 23,22 m de comprimento. Tinha capacidade de armazenamento para pouca carga. No seu interior, foram encontrados os restos mortais de um homem alto, morto em batalha por volta de 900 dC. Na tumba, foram encontrados objetos que incluem camas, botes e até animais como falcões, 8 cachorros e 12 cavalos! Não foram achadas armas ou joias, pois provavelmente tenha sido saqueado ainda na Era Viking.

O barco é feito de carvalho e mede 5,18 m de largura e 23,22 m de comprimento


Em cada lado do navio existem 16 buracos de remo


No total, a tripulação era composta por 34 homens, incluindo 32 remadores, 1 timoneiro e 1 vigia


Ossada de um homem encontrada no interior do barco


BARCO DE TUNE

O barco de Tune foi construído por volta de 910 dC, feito de carvalho, e estima-se que tenha 18,7 metros de comprimento e 4,2 metros de largura. Embora o Tune seja menor do que os barcos Gokstad e Oseberg, ele tinha um suporte de mastro mais forte, o que tornaria possível que a vela tivesse até 100 metros quadrados. Combinado com a forma do casco, isso provavelmente fez dele um navio rápido, com excelentes propriedades de navegação. Por outro lado, sua capacidade de carga não era boa e deve ter sido usado para transportar mercadorias de alto valor que pesavam pouco, como peles, vidro e escravos. Ele também era adequado para transportar pessoas rapidamente, uma qualidade importante para um navio de guerra e talvez essa fosse sua principal função.

Apenas parte do barco foi preservada e isso ajuda a entender como é feita a estrutura interna


Suposta câmara funerária


OBJETOS ENCONTRADOS NOS BARCOS

O quarto setor do museu também é bastante interessante. Os objetos encontrados nas escavações dos barcos Gokstad e Oseberg são exibidos e é possível ter a noção da arte viking. Apesar de ser um povo "tosco", sua arte em madeira é bem datalhada.

Sarcófago onde o corpo era colocado nos barcos


Detalhe esculpido em madeira


Esculturas como esta foram encontradas no barco de Oseberg


Felinos representados na escultura de madeira


Bainha de espada viking e outros acessórios


Já consigo imaginar um viking tosco lançando esse machado na cabeça do inimigo 😅


Botas vikings originais


Um dos objetos que achei mais interessantes foi um barril com uma figura estranha. Era a representação de um ser parecido com os budas orientais. No centro do corpo existe um escudo com a cruz e as cores do reino da Suécia. O mais curioso são as quatro suásticas no escudo, esse símbolo tão antigo que foi usado por várias civilizações do mundo e que se tornou tabu após seu uso pelos nazistas. Os vikings tiveram contato com os chineses nas suas navegações e acredito que essa figura tem sido resultado de alguma troca entre essas culturas.

Barril com uma figura que se assemelha a um buda e tem traços da suástica no escudo


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Sobre o autor

Sobre o autor
Renan é carioca, mochileiro, historiador e arqueólogo. Gosta de viajar, fazer trilhas, academia, ler sobre a história do mundo e os mistérios da arqueologia, sempre comparando os lados opostos de cada teoria. Cada viagem que faz é fruto de muito planejamento e busca conhecer o máximo de lugares possíveis no curto período que tem disponível. Acredita que a história foi e continua sendo distorcida para beneficiar alguns grupos, e somente explorando a verdade oculta no passado é que se consegue montar o quebra-cabeça do mundo.