Tailândia: Templo Branco, a obra de arte de Chiang Rai

"Somente a morte pode parar meu sonho, mas não pode parar o meu projeto"


A primeira vez que vi esse templo foi na internet, em uma foto de algum fórum de mochileiros, e nunca mais esqueci. Tenho que admitir que minha ida até Chiang Rai aconteceu para poder vê-lo de perto. A primeira vista todos pensam ser um templo antigo, de uma época em que se dava valor aos detalhes da arquitetura. Mas não, ele é bem recente e sua história é interessante.


COMO CHEGAR?

O templo fica a 15 km distante do centro de Chiang Rai. A maneira mais econômica é pegar um ônibus no Terminal de Chiang Rai que fica na parte da trás do Night Market. Tinha uma foto do templo na janela traseira do ônibus, talvez para facilitar quem procura. A viagem dura quase 30 min e o valor é de 20 baht por pessoa. O táxi custa quase 300 baht por trajeto.

O ônibus era particular, e o mais curioso, parece que uma família morava nele


Basta avisar ao motorista ou cobrador que vai ficar no templo. O ônibus pára no lado oposto da estrada e é necessário atravessar. Tem um sinal de trânsito para facilitar. O templo fica a poucos metros da rodovia e não tem como não achar.

Ao desembarcar, me deparei com um clube de briga de galo na esquina da estrada


WAT RONG KHUN, O TEMPLO BRANCO

O seu nome original é Wat Rong Khun, mas ficou turisticamente conhecido como White Temple (Templo Branco). Antes de entrar, já é possível vê-lo separado da rua por um canal. Não há muros! A entrada é feita por um belo portal e custa 50 baht para estrangeiros. Possui WC e bebedouros. Como todo templo budista, para entrar a pessoa deve estar descalça, por isso é distribuído logo na entrada um saco plástico para levar os sapatos. A roupa também deve estar de acordo: ombros e pernas cobertas. Está aberto de 8h às 18h.

Entrada do complexo de templos do Wat Rong Khun


Logo no início, uma bizarra escultura demoníaca


Tudo começou nos anos de 1920, quando um pequeno templo seria reformado, mas não houve dinheiro para isso. Em 1996, o artista de nome esquisito Chalermchai Kositpipat iniciou um projeto pessoal com financiamento próprio para transformá-lo no que tem a intenção de ser o templo mais bonito do mundo. Hoje ele conta com outros 60 seguidores que o ajudam na construção, mas não aceita doação de grandes valores para ser livre em criar de acordo com sua inspiração.

O Templo Branco é sem dúvidas um dos mais bonitos que já vi


A riqueza de detalhes do templo é realmente impressionante


A previsão de término da construção de acordo com o projeto é em 2070! De acordo com as palavras do próprio artista: "Eu quero que pessoas de todas as nações venham e admirem meu trabalho, assim como elas querem visitar o Taj Mahal ou Angkor Wat... talvez entre 60 a 90 anos depois da minha morte o projeto será completado."

Um lago cheio de peixes circunda a área do templo


PONTE DA REENCARNAÇÃO

A entrada no templo já começa cheia de simbologia. O caminho até lá acontece através de uma ponte que simboliza a reencarnação. Antes de atravessá-la, existe dor e sofrimento representados pelos seres presos em plantas espinhosas e vítimas de criaturas abomináveis.

O sofrimento é representado antes da travessia da ponte


Quando iniciamos a caminhada pela ponte, podemos ver inúmeras mãos brancas para o alto, algumas segurando vasos e recipientes. O gesto de querer obter algo representa o prazer desenfreado. A travessia dessa ponte indica que o caminho para a felicidade é superar a tentação, a cobiça e o desejo. A entrada da Ponte da Reencarnação é guardada por dois Kinnaree, criaturas mitológicas do budismo.

A passagem ocorre em meio a mãos que representam o desejo


As mãos gesticulam desesperadas para obter algo material


O caminho reto supera a tentação. Na ponte ainda vemos o símbolo do equilíbrio Yin e Yang


Os Kinnaree, são criaturas da mitologia budista, meio homem, meio pássaro


A travessia da ponte representa o ciclo de renascimento


PORTA DO CÉU

No final da ponte se encontram representados os Rahus que são criaturas mitológicas que decidem pela entrada ou não no céu. Dizem que esse estágio é semelhante ao purgatório cristão. Antes de entrar no templo, vale a pena observar a arte em volta, cheia de Nagas (serpentes) e Budas meditando. Seria esse estágio em que permanecem os seres que buscam levar o conhecimento à humanidade?

Estátuas de criaturas mitológicas no final da ponte


Na área externa do templo existem vários budas em posição de meditação


UBOSOT

O templo principal que se chama Ubosot é bem pequeno. Na entrada existe uma pequena área para meditação e dois corredores laterais para a saída. Detalhe: é proibido fotografar no interior do templo. Não se pode sair pela entrada, ali fica um vigia do templo controlando o fluxo e o comportamento no interior. Caso você queira entrar de novo, dê a volta no templo por fora.

Altar do interior do Ubosot


A parte mais curiosa do Ubosot está na pintura que decora a parede da porta de entrada. Ela cria o efeito da visão de uma pessoa ao entrar no céu, olhando para o que ficou para trás. Em meio a cenários de criaturas e guerras, por incrível que pareça, há representações de Michael Jackson e Elvis Presley, super heróis como o Super Homem, Batman e o Homem Aranha, e personagens de filmes como Matrix, Avatar, Kung Fu Panda. Até o Jig Saw de Jorgos Mortais e os Minions podem ser vistos. O mural ainda possui desenhos de monumentos famosos como a pirâmide de Chichén Itzá, porém, a figura mais polêmica são as Torres Gêmeas queimando após o ataque terrorista de 11 de setembro.

Um relógio, provavelmente, representando o tempo que fica para trás no mundo físico


Saída pelos fundos do Ubosot


EFEITOS DE UM TERREMOTO

Em maio de 2014 ocorreu um terremoto numa província próxima a Chiang Rai que danificou a estrutura do templo. O artista Chalermchai Kositpipat, pai do Templo Branco, afirmou que iria demolir as estruturas por razões de segurança.  Porém, uma equipe de especialistas em engenharia o inspecionou e afirmou que estava estruturalmente seguro após o terremoto. Alguns prédios do complexo ainda estão fechados como a Torre de Relíquias de Buda, a Ponte Sukhawadee e a Torre Budista.

Algumas áreas do Templo Branco ainda se encontram fechadas desde o terremoto


OUTRAS CONSTRUÇÕES

A área do Templo Branco é muito mais do que o magnífico templo que comentei até aqui. A maioria continua em construção, mas outros templos já estão prontos e fazem dali um lugar fascinante para dar um passeio, como o Crematório e as estátuas dos jardins ao redor do templo. Até mesmo o Toilet é uma construção digna de fotos no Instagram!

O Hall de Ganesha ainda em construção


Uma oportunidade interessante de ver a estrutura em transformação


Um dos demônios representado "cagando" literalmente


As barreiras de sinalização do estacionamento são bem sinistras


Por incrível que pareça, esse templo é um banheiro


POÇO DOS DESEJOS

Em vários lugares do mundo existem poços, fontes ou chafarizes que alimentam a crença popular de jogar uma moeda e fazer um desejo. Eu que não sou supersticioso sempre achei isso um desperdício de dinheiro, mas o poço do Templo Branco me fez mudar de ideia. Deixa eu explicar, dentro do poço existe um recipiente circular que é onde se deve acertar a moeda para "realizar seus desejos". Parece fácil, mas não é. Tentei com várias moedas de 1 baht, mas não acertei 😭!

Um poço dos desejos diferente e divertido


O objetivo é tentar acertar com a moeda o recipiente central do poço


BRINDES NA SAÍDA

Próximo ao local de saída, um estande distribui cartões postais do templo para serem preenchidos. É de graça! Já na saída do templo outra surpresa: o ingresso é trocado por um livrinho (em inglês) explicativo sobre o Templo Branco. Ou seja, o valor aproximado de R$ 5 gasto com a entrada é restituído em forma de uma lembrança. Valeu a pena a visita!

Crianças aprendendo as práticas budistas ao mesmo tempo que visitam esse ponto turístico


RETORNO PARA CHIANG RAI

Fui caminhando até a rodovia para esperar um ônibus que fosse no sentido do centro de Chiang Rai. Fiquei num ponto de ônibus onde também estava uma família francesa. Para voltar foi rápido, em pouco tempo parou um songthaew que me levou até a rua do Night Market (sempre uso como referência em Chiang Rai).

Retorno de songthaew lotado, no melhor estilo thai


VEJA O VÍDEO

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CUSTOS (dezembro 2016)

- Ônibus para o Templo Branco - 20 baht
- Entrada no Templo Branco - 50 baht
- Songthaew de volta a Chiang Rai - 20 baht


MEU ROTEIRO

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Roteiro completo: MISSÃO TAILÂNDIA-CAMBOJA

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Sobre o autor

Sobre o autor
Renan é carioca, mochileiro, historiador e arqueólogo. Gosta de viajar, fazer trilhas, academia, ler sobre a história do mundo e os mistérios da arqueologia, sempre comparando os lados opostos de cada teoria. Cada viagem que faz é fruto de muito planejamento e busca conhecer o máximo de lugares possíveis no curto período que tem disponível. Acredita que a história foi e continua sendo distorcida para beneficiar alguns grupos, e somente explorando a verdade oculta no passado é que se consegue montar o quebra-cabeça do mundo.