Ninguém sabe ao certo, até hoje, o motivo da construção das extensas cidades subterrâneas
Um dos mistérios do mundo é a existência de desenvolvidas cidades subterrâneas no subsolo da Capadócia. Ninguém sabe ao certo quando foram construídas, quem as construiu e com que conhecimento e, principalmente, a real motivação para essa grande obra de engenharia. As entradas para as cavernas eram escondidas e algumas tinham conexão com as casas na superfície. Até os animais domésticos eram levados para lá. Foram encontradas 36 cidades subterrâneas ao todo, sendo as maiores e mais complexas as de Derinkuyu e Kaymakli, sendo possível que todas fossem interligadas.
A CIDADE SUBTERRÂNEA DE DERINKUYU
De Nevsehir é fácil pegar um ônibus para Derinkuyu (25 Km de distância). Não sei indicar o local exato do ponto, mas é só perguntar “Derinkuyu otobus nerede?” que o povo já entende e te indica. A passagem custa 5 LT e a viajem dura um pouco mais de 1h. Não se preocupe em saber onde descer, a entrada da cidade subterrânea fica no ponto final do ônibus, ao lado de uma antiga igreja fechada com características cristães.
Uma igreja cristã abandonada na pequena aldeia de Derinkuyu
Assim como na maioria das cidades turcas, aqui também tem uma estátua do herói nacional Ataturk
A entrada na cidade subterrânea custa 15 LT por pessoa (setembro 2013). Foi aí que eu descobri o Capadócia Card! Pagando 45 LT dá o direito de receber o Capadócia Card, uma espécie de cartão pré-pago que vale por 72 horas e dá o direito de acessar várias atrações, cujos valores individuais seriam: Derinkuyu (15 LT), Kaymakli (15 LT), Museu ao céu aberto de Goreme (15 LT), Igreja antiga (8 LT), Igreja Escura (8 LT) e o Vale de Zelve (8 LT). Para quem pretende conhecer todos esses lugares, vale muito a pena comprar o cartão.
Na bilheteria de Derinkuyu é possível comprar o Capadócia Card
O acesso até a cidade subterrânea é feito pelos degraus talhados na rocha
São 20 andares de túneis e cômodos (85 m de profundidade), mas somente parte de 8 andares (40 m de profundidade) estão abertos para os turistas. Dentre os cômodos, ou salões, podemos observar adegas de vinho, cisternas para armazenagem de azeite de oliva, armazéns de alimentos, cozinhas com sistema de dispersão de fumaça para não dser detectada na superfície, poços de água, templos de culto, estábulos e até 52 tubos formando um incrível sistema de ventilação para que o ar entrasse e percorresse todos o níveis, até aos mais inferiores. Ainda foi encontrado um túnel que liga Derinkuyu até outra cidade subterrânea que fica a 8 km dali: Kaymakli
Esta cidade subterrânea possuía capacidade de comportar 10.000 pessoas
Apenas uma pequena parte de Derinkuyu está aberta ao público, mas já impressiona
Longos dutos de ar foram construídos de forma planejada
Chaminés e tubos de ventilação demonstram que existiam técnicas de engenharia na construção
Canaletas (à esquerda) e ralos formam um eficiente sistema de drenagem
Armazéns amplos permitiram a estocagem se suprimentos por longos períodos
Analisando a situação pessoalmente, dá pra perceber que a construção dessas cidades possa ter sido motivada tanto pela proteção das temperaturas externas que variam aos extremos durante o ano, como forma de proteção de inimigos conquistadores (exemplo disto são os corredores baixos de acesso, que obrigam quem entra a baixar as armas) e como abrigo de fácil construção devido a sua rocha "macia".
As portas de rocha abriam girando como uma roda. Só podiam ser abertas por quem estava dentro
Alguns cômodos são bem altos
A origem de sua construção possui teorias controversas. Alguns arqueólogos datam suas origens por volta do ano 4 000 a.C., outros acreditam que seu surgimento remete a 9 000 a.C. Apesar da sua construção não poder ser datada através da rocha, os cientistas se baseiam na datação carbono-14 de esqueletos do cemitério paleocristão situado nessa cidade datam do ano 1.800 a.C., o que não prova nada.
O chão foi cuidadosamente preparado para ser antiderrapante
Entrando pelos túneis de Derinkuyu já se percebe a diferença de temperatura que varia em torno de 13°C mesmo nos dias quentes do verão da Capadócia. Existe uma teoria de que a cidade foi construída nos tempos do zoroastrismo, em época da mitologia persa. Alguns atribuem que o motivo de sua construção foi a fuga das mudanças climáticas ocorridas numa suposta catástrofe que gerou a Era Glacial na Terra, talvez numa época da lenda de Atlântida, sendo Derinkuyu um dos refúgios para a humanidade. Mais tarde, abandonada, teria sido aproveitada por outros povos para se esconder de bárbaros.
Seria Derinkuyu um abrigo contra uma catástrofe mundial ocorrida no passado?
Esta cidade subterrânea já foi citada no documentário do History Channel sobre os alienígenas do passado, sugerindo que homens criaram essa cidade abaixo do solo para se esconder de algo que vinha dos céus, remetendo à Teoria dos Antigos Astronautas. Abaixo está o documentário completo do History Channel:
Voltando ao mundo da superfície, dei uma passada nas lojinhas em volta da entrada da cidade subterrânea. Uma delas era de antiguidades. O vendedor perguntou de onde eu era e ao saber que era brasileiro ele disse que o preço é especial, que o Brasil é como a Turquia, “vive em crise” e que o preço só era alto para americanos, franceses e japoneses. Pode ser só papo de vendedor, mas achei engraçado esse pensamento. Existem ainda artesanatos bem baratos em outras bancas dessa área.
Loja com artesanato, tapeçaria e várias quinquilharias
O artesanato nas barraquinhas é mais barato, mas tem que negociar
A CIDADE SUBTERRÂNEA DE KAYMAKLI
Voltei ao pequeno terminal para pegar um ônibus de volta, dessa vez parando para conhecer Kaymakli, outra cidade subterrânea próxima de Derinkuyu. Percebi que apesar da proximidade não tinha transporte direto para lá, mas sim ônibus para Nevsehir que pára no caminho. Antes de embarcar, perguntei para uma pessoas se ele passava por Kaymakli, elas confirmaram, mas disseram que não tinha necessidade de ir lá, que eu perderia meu tempo, pois era inferior a Derinkuyu. Ora, como assim? Na verdade, esses dois vilarejos se destacam no turismo devido a suas cidades subterrâneas, o que gera um pouco de rivalidade entre as duas e seus moradores.
Algumas ruínas antigas estão na superfície da aldeia de Kaymakli
Logo depois de sair de Derinkuyu já se chega a Kaymakli. É só observar a placa da “undergroung city” e pedir para descer. Depois é só seguir pela rua à direita da via e se passa por um comércio bem mais agitado que em Derinkuyu, com artesanatos, panos, tecidos, camisas, etc.
Assim como em Derinkuyu, o Capadócia Card pode ser usado para acesso à Kaymakli
Corte em um dos pavimentos do complexo de Kaymakli
A cidade subterrânea é como Derinkuyu, mas construída com apenas 4 andares, variando até uma profundidade de 25 metros. Algo que percebi ser uma diferença marcante de Kaymakli é seu acabamento nas rochas talhadas que parece ser bem superior se comparada a Derinkuyu (apesar de ser menos extensa), com mais detalhes e cuidados.
Os cômodos possuem mais detalhes do que Derinkuyu
Havia muito cuidado no acabamento, como nesse depósito de material ou suprimentos
Kaymakli foi construída num local com grande quantidade de poços e de rios subterrâneos, vindos de nascentes nas montanhas de Hasan e Melendiz. No primeiro pavimento existiam locais para estábulo de cavalos. No segundo pavimento se destaca um templo religioso e outras salas. No terceiro e no quarto, principalmente no último, estão armazéns, adegas e uma cozinha.
Mesmo com 4 pavimentos, o ambiente era bastante aproveitado pela quantidade de compartimentos
Local de adega para o vinho/cerveja produzidos
Sala usada como a cozinha do complexo
Suposto objeto para produção de argamassa
Uma tecnologia avançada para um povo tão antigo
A quantidade de armazéns sugere que uma grande quantidade de pessoas usou essa cidade subterrânea em algum tempo na história. Um relato do escritor grego Xenofonte (430-355 a.C.) feito no livro livro "Anavasis" falava de aldeias subterrâneas na Capadócia, com entradas estreitas que pareciam ser aberturas de poços. As entradas destes túneis eram escondidas e as pessoas usavam escadas algumas vezes. Além disso, de acordo com o autor, naquele local eram "produzidas cervejas feitas de cevada e vinho de excelente qualidade".
Orifícios para a ventilação da cidade subterrânea
Aqui também era usada a porta com a tecnologia de roda
Observe o tamanho desta "porta"
Tanto conhecimento empregado nessas construções antigas... para algum idiota fazer vandalismo!
RETORNO A GOREME
Ao finalizar a exploração pelos corredores escuros, voltei ao mesmo ponto que desci do ônibus e, dessa vez, peguei um Dolmus com destino a Nevsehir pagando apenas 3 LT. Já pedi para o motorista me deixar no ponto que eu pudesse pegar um ônibus à Goreme (2,50 LT).
Serviços de vans (dolmus) ligam Nevsehir e Kaymakli
CUSTOS (setembro 2013)
- Ônibus para Nevsehir-Derinkuyu - 5 LT
- Capadócia Card - 45 LT
- Artesanato - 4 LT
- Passagem para Kaymakli - 5 LT
- Van para Nevsehir - 3 LT
- Ônibus para Goreme - 2,5 LT
- Água - 2 LT
MEU ROTEIRO
- Ônibus para Nevsehir-Derinkuyu - 5 LT
- Capadócia Card - 45 LT
- Artesanato - 4 LT
- Passagem para Kaymakli - 5 LT
- Van para Nevsehir - 3 LT
- Ônibus para Goreme - 2,5 LT
- Água - 2 LT
MEU ROTEIRO
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Yassomarme Alex Birbiglia Crack
ResponderExcluirhaggsticemdu