Egito: O histórico Hotel Old Cataract

A inspiração de Agatha Christie

Durante a fase de planejamento das minhas viagens procuro listar todos os pontos interessantes a serem visitados, seja pela beleza natural, importância artística ou histórica (esta última a mais importante pra mim). No Egito não foi diferente e entre os locais a serem explorados estava o Hotel Old Cataract. Aí você me pergunta: Por que um hotel é um ponto turístico?


HOTEL DA HISTÓRIA REAL

O Old Cataract é um hotel histórico construído na época do colonialismo britânico, mais precisamente em 1899. Atualmente pertence a rede de hotéis Sofitel, sendo renomeado como Sofitel Legend Old Cataract Hotel, sendo um luxuoso resort 5 estrelas. Ao longo de sua história já hospedou várias celebridades, incluindo Winston Churchill, Howard Carter, Margaret Thatcher, Jimmy Carter e a Princesa Diana.

Vista da entrada do famoso hotel


 O hotel esteve fechado de 2008 a 2011 para restauração


Nos corredores do hotel estão as fotos das celebridades que se hospedaram lá, uma delas, o famoso Primeiro Ministro britânico Winston Churchill


Entrada da suíte em homenagem a Churchill


HOTEL DA HISTÓRIA FICTÍCIA

No meio de tantas celebridades que já se hospedaram no Old Cataract uma delas é a principal, a escritora de mistérios Agatha Christie. Além de ser uma ilustre hóspede, ela foi a responsável por imortalizar o hotel também na história da ficção com seu livro Morte sobre o Nilo (Death on the Nilo), publicado em 1937. Mais tarde, o livro teria uma adaptação para o cinema num filme com um grande elenco e suas cenas foram filmadas no próprio hotel.

Veja abaixo um trecho do filme Morte sobre o Nilo (1978), cuja cena mostra o embarque dos passageiros a partir do hotel Old Cataract:



A história conta o assassinato de Linnet Ridgeway, uma moça rica numa viagem de barco pelo Rio Nilo, partindo do Old Cataract. Quase todos a bordo teriam um motivo para querer a morte de Linnet. A solução vem depois das investigações do astuto investigador Hercule Poirot.

Escada de acesso do hotel aos barcos que, no filme, os convidados embarcaram para o trágico cruzeiro


Como homenagem à Agatha Christie, a principal suíte do hotel foi batizada com o seu nome. Ela compreende um espaço de 175 metros quadrados com decoração clássica. Mas o que impressiona mesmo é o preço da diária que ultrapassa os 20 mil reais!

O nome de Agatha Christie está gravado na porta da suíte


MOCHILÃO 5 ESTRELAS

Conhecer esse hotel considerado um ponto turístico era certeza no meu roteiro, o que eu não imaginava era a possibilidade de me hospedar lá. Um esquema legal é transferir a pontuação de milhas para pagar hospedagens em hotéis. A rede Accor (Ibis, Mercure, Sofitel, etc) permite isso. Então eu descobri uma promoção do Old Cataract para hospedagem naquele período de baixa temporada (agosto = verão = inferno no deserto), podendo então ficar naquele hotel histórico pagando com pontos.

Depois de chegar de trem em Aswan e andar 2 Km até o hotel, dispensando os táxis chatos, cheguei no Hotel Old Cataract para a hospedagem. Acho que foi a primeira vez que um mochileiro se hospedava naquele hotel cheio de frescurinha...

Cena jamais vista: chegada de um mochileiro num hotel de milionários


Logo na entrada tem um serviço daqueles carrinhos de golfe para levar a bagagem até a recepção. Eu já recusei o transporte e fui caminhando com minha mochila nas costas (afinal, é certeza que eu seria cobrado pelo serviço). Ao chegar na recepção, mais espanto dos funcionários em ver um mochilão. Dessa vez realizei o pedido deles e tirei minha mochila para aguardar os trâmites do check in. Depois de aguardar sentado em um dos salões colossais, tomando um suco gelado de cortesia.

Antigo palácio vitoriano para receber viajantes ilustres


Depois do check in fui para o quarto no primeiro andar. Tudo é antigo porém conservado, criando uma atmosfera cinematográfica. Como era baixa temporada, quase não se via nenhum hóspede. Um funcionário foi levar a minha mochila já esperando sua gorjeta. Dei 5 EGP e acho que o cara, acostumado com dólares e euros, não gostou muito.

Longos corredores que parecem cenário de cinema


O interior do quarto, mesmo com a decoração clássica, possui itens modernos como um roteador de rede para cada quarto, fazendo a internet "voar". Outra coisa que achei interessante é o cofre com tomada dentro para carregar os eletrônicos de forma segura. O banheiro separava a área do vaso e a área do chuveiro, eram dois ambientes com portas de acesso distintas.

Quarto bem diferente dos hostels que já me hospedei


A localização do Old Cataract é no ponto em que no passado era o final do fértil vale do Nilo e o início do deserto núbio. O nome do hotel remete para a antiga crença de que a colisão do rio Nilo com a barreira de granito mais setentrional da terra é ponto em que o mundo civilizado chega ao fim. Além disso, o hotel tem vista para a Ilha Elefantina, testemunha do culto de Khnum, deus da catarata e da inundação.

A vista impressionante da Ilha Elefantina a partir da sacada do quarto


Paisagem exótica do Nilo e suas feluccas (barcos regionais)


Como um bom mochileiro, eu lavava minhas roupas no chuveiro durante o banho e depois deixava secando na varanda. Foi então que eu descobri que o clima do Egito secava muito rápido as roupas. Se eu soubesse disso antes teria trazido menos roupas para aliviar o peso da mochila.

Não podia faltar a farofada: roupa secando na sacada


O café da manhã é servido num varandão em frente à recepção, numa área luxuosa com vista para o Nilo. Eu não gostei muito pois achava que iria encontrar um buffet farto e, na verdade, o café é servido de acordo com o pedido a um garçom que serve à mesa. Não simpatizo com essa frescura de ser servido, e no final, lá está o indivíduo esperando uma gorjeta.

Área clássica do café da manhã com vista para o Nilo


Vale reservar um tempo para rodar pelos corredores e ler os quadros dos hóspedes ilustres pelas paredes. O salão restaurante também impressiona. Na recepção é possível conseguir contatos para fazer os passeios. O único que eu contratei pelo hotel foi o transfer para Abu Simbel, afinal, esse é um hotel caro e qualquer serviço por lá é de custo elevado.

O restaurante impressiona pela decoração. Localiza-se no fundo do corredor do térreo


Antigo piano localizado no salão restaurante


Ainda sobrou tempo para se divertir com o chapéu de algum funcionário que eu achei nos corredores


PISCINAS PARA VENCER O CALOR

Se você acha que já viu muita coisa bonita nesse hotel mas nada que, além do ar condicionado do quarto, livrasse do calor infernal do Egito, faltou com certeza visitar as piscinas. Existem duas, uma externa e outra coberta.

As piscinas não são bonitas somente pela manhã. Essa aí é a piscina externa com sua iluminação noturna


Qualquer um fica de boca aberta com a piscina coberta


Enfim, foram três pernoites tendo vida de sheik árabe depois de passar as manhãs ralando no sol escaldante e na areia do deserto para explorar a região de Aswan. Finalmente descobri como os antigos exploradores se sentiam quando vinham para o sul do Egito e se hospedavam nesse hotel histórico.

Três pernoites com vida de sheik árabe 


GASTOS (agosto 2014)

Diária de quarto com vista para o Nilo - aproximadamente R$ 600 (no meu caso, pago com pontos)

Jantar no hotel - 100 EGP
Gorjeta para carregador - 5 EGP (não é o padrão, o certo seria a partir de 10 EGP)


MEU ROTEIRO

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Roteiro completo: MISSÃO EGITO

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Comentários

  1. Muito legal seu post!! Uma das vezes que fui ao Egito passei de feluca em frente a esse hotel e soube que Agatha havia se hospedado lá e fiquei fascinada pois sou fã dela há anos. Qual é a data do post e quando vc foi ao Egito?

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Sobre o autor

Sobre o autor
Renan é carioca, mochileiro, historiador e arqueólogo. Gosta de viajar, fazer trilhas, academia, ler sobre a história do mundo e os mistérios da arqueologia, sempre comparando os lados opostos de cada teoria. Cada viagem que faz é fruto de muito planejamento e busca conhecer o máximo de lugares possíveis no curto período que tem disponível. Acredita que a história foi e continua sendo distorcida para beneficiar alguns grupos, e somente explorando a verdade oculta no passado é que se consegue montar o quebra-cabeça do mundo.