Cuba: Trinidad, a cidade com atrações históricas e paradisíacas

A cidade é uma das mais importantes do turismo no país apesar da simplicidade


Trinidad é a cidade colonial mais turística de Cuba e foi fundada em 1514. A cidade cresceu no auge da produção e da exportação de açúcar, por volta de 1850. Além de agradar quem busca a arquitetura colonial, a cidade também é perfeita para quem gosta de praia (tendo uma das praias mais bonitas de Cuba) e pesquisar sobre a história da revolução cubana. Seria meu segundo destino no interior de Cuba!


COMO CHEGAR?

Enquanto eu estava na cidade de Cienfuegos, combinei com um motorista de táxi coletivo no dia anterior e às 9h30 parti em direção à Trinidad. A corrida custou 7 CUC por pessoa e a viagem durou cerca de 1 hora. Para quem vai direto de Havana, é possível pegar um ônibus da Viazul (7 horas de viagem por 25 CUC). Táxis coletivos desde Havana custam 35 CUC e duram 4 horas de viagem.

 
Na estrada, eu pude presenciar um estranho fenômeno com centenas de caranguejos


Durante o deslocamento de Cienfuegos à Trinidad passamos por uma estrada litorânea em que eu pude assistir um fenômeno bem interessante. Entre abril e maio, centenas de caranguejos sobem do mar para procriar em terra e depois retornar às águas. Atravessam longos trechos de asfalto e acabam sendo atropelados. Os carros tentam desviar, não por bondade, mas porque as pinças dos caranguejos podem furar o pneu. O taxista estava contando que quando era criança morava perto dessa região e que os caranguejos subiam pelas paredes das casas, sendo necessário manter as janelas fechadas.

Os carros podem ter os pneus furados


O caranguejos sobem nos muros e paredes



ONDE FICAR?

O melhor lugar para se hospedar é próximo à Plaza Mayor, a parte central do centro histórico. Existem várias casas de cubanos que aceitam hóspedes naquela região. Eu escolhi a casa de Lázara Borrell, através do Booking.com (clique para ver o link). A casa é colonial e muito bem cuidada e limpa, além de servir um café da manhã farto, tudo por 25 CUC o quarto.

O centro histórico é repleto de casarões históricos


Café da manhã simples mas com fartura


Banheiro antigo e preservado no quarto


PLAYA ALCÓN

Antes de explorar a cidade histórica de Trinidad, fui conhecer um das praias mais bonitas de Cuba que fica a 10 km do centro. A Playa Alcón tem águas azuis turquesa impressionantes. Para chegar lá é necessário combinar com um táxi que costuma cobrar 15 CUC, podendo dividir com outras pessoas. O táxi leva e combina o horário para voltar à Trinidad. Outra opção é pegar um ônibus da Cubatur que custa 5 CUC (ida e volta) e sai 3 vezes ao dia. Os táxis e ônibus saem em frente à Calle Maceo. Horários de saída do ônibus: 9h, 11h e 14h; Horário de retorno: 12h30, 15h30, 18h00.

A paisagem da praia é paradisíaca


Existem barraquinhas vendendo mojito por 3 CUC


Apesar das algas terem deixado a água turva, a imagem continua sensacional


CENTRO HISTÓRICO

Retornei à tarde para explorar a parte histórica de Trinidade, começando a partir da Plaza Mayor e suas construções coloniais ao redor. Um bom exemplo é o Museu de Arquitetura Colonial com sua fachada azul na lateral da praça. O museu foi casa da família Sánchez Iznaga e possui uma coleção de objetos arquitetônicos antigos, típicos da cidade.

A Plaza Mayor é a típica praça da Espanha colonial


Um monumento com um cão galgo na praça


Fachada azul do Museu de Arquitetura Colonial


A partir da praça, é recomendável seguir andando pelas ruazinhas e observar os diferentes e belos casarões. Existem outros museus: o Museu Histórico Municipal, que possui uma torre com vista panorâmica de toda a cidade e da Serra de Scambray. Exibe mapas, objetos e móveis antigos; Museu Romântico, antigo Palácio Brunet, com decoração luxuosa, obras de arte francesas e italianas, cristais, peças de cerâmica e móveis austríacos pintados à mão; Museu Arqueológico, com objetos de pedra, cerâmica e ferro, representando do Paleolítico até o século 19 na região; e a Casa de Rafael Ortiz, cuja sacada, bem em frente à igreja, é o melhor lugar para ver a Plaza Mayor.

Casas coloniais bem preservadas podem ser vistas nas ruas, como esse restaurante


Templo de cultura africana


Existe uma "filial" do famoso bar de Havana chamado La Bodeguita del Medio


MUSEO DE LA LUCHA CONTRA LOS BANDIDOS

Um dos lugares que achei mais interessante foi a Igreja de São Francisco que, na verdade, não funciona como uma igreja. Além da bela arquitetura e da sua torre que é cartão postal de Trinidad, a igreja funciona como um museu no primeiro piso dedicado à parte da história da Revolução Cubana. Este museu conta sobre o evento relacionado aos contrarrevolucionários daquela região que se opuseram à revolução de Fidel. Eles são retratados como "bandidos" ou mercenários. A entrada do museu custa simbólicos 1 CUC.

A torre da Igreja de São Francisco se destaca na paisagem


Fotos dos personagens que participaram dos combates da revolução


Parte da turbina de um avião americano derrubado durante a invasão na Baía dos Porcos


Em uma pracinha de Trinidad, tive a oportunidade de conversar com um senhor que viveu a revolução. Ele percebeu que eu era brasileiro e se aproximou para mostrar a camisa com o escudo da CBF que estava vestindo. A conversa tomou outro rumo e ele, ao ser questionado se gostava de Che Guevara, respondeu meio sem jeito que "não gostava de hipocrisia". Desviou o assunto para falar de Camilo Cienfuegos, que junto com Fidel Castro e Che, foi um dos líderes da revolução. O velho disse que a revolução não foi comunista no início e que Camilo Cienfuegos era quem o povo realmente gostava, era o líder carismático. Disse que até Che Guevara que era "sério" (pareceu uma maneira delicada de dizer que era um cara mal) gostava de Cienfuegos. O mais estranho na história de Cienfuegos é que ele morreu no primeiro ano após revolução através de um acidente de avião mal explicado. Essa conversa com o idoso e as coisas que vi no museu me fizeram perceber que a imagem de Cienfuegos era sempre relacionada ao Che, talvez uma forma de usar o carisma que tinha com o povo.

Camilo Cienfuegos (esquerda) e Che Guevara (direita)


Armas e objetos usado no combate contra os "bandidos"


Fidel Castro e a bandeira do movimento 26 de Julio que foi o precursor da revolução


Municípios onde houve foco de contrarrevolucionários


Caminhão usado nos combates


Além do museu, outra atração é o campanário (torre) da antiga igreja que pode ser acessado para se ter uma vista privilegiada de Trinidad. Os antigos sinos de bronze também estão lá no alto.

Outra atração é a torre da igreja que tem acesso pelo museu


O campanário da igreja é usado como mirante


Vista da cidade a partir do alto da torre


Sino de bronze fundido na cidade em 1853


CASA DE LA MUSICA

Para encerrar o dia, segui para a escadaria da Casa de la Musica, um local que reúne bares e restaurantes com música cubana original tocada ao ar livre. É o melhor lugar para curtir o fim de tarde e a noite em Trinidad, tomando um mojito ou pina colada.

A Casa de la Musica no alto da escadaria


Show de música cubana e uma piña colada com o famoso ron Havana Club


PARTIDA PARA SANTA CLARA

No dia seguinte, peguei minha mochila para partir ao meu próximo destino: a cidade de Santa Clara. Antes de deixar a casa da Lazara, ela me presenteou com uma pulseira cubana. Em seguida, fui para a esquina da Calle Maceo (chamada de Calle Gutiérrez no Google Maps) com a Calle Rosario para tentar pegar um colectivo para Santa Clara. Basta conversar com os taxistas que eles indicam o responsável pela organização dos colectivos. Ele ligou para um taxista e pediu para eu esperar até lotar (eu deveria ter reservado no dia anterior, a própria Lázara faria isso). Não foi fácil lotar o táxi e fiquei esperando duas horas até conseguir. Parti apenas às 11h da manhã para Santa Clara.

Dona Lázara Borrell García me presenteando com uma pulseira


A Calle Maceo é o lugar de partida dos colectivos para outras cidades


Há opção de ônibus da Viazul às 7h30 e 13h55 para Santa Clara. A viagem de ônibus dura mais de 3 horas


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Sobre o autor

Sobre o autor
Renan é carioca, mochileiro, historiador e arqueólogo. Gosta de viajar, fazer trilhas, academia, ler sobre a história do mundo e os mistérios da arqueologia, sempre comparando os lados opostos de cada teoria. Cada viagem que faz é fruto de muito planejamento e busca conhecer o máximo de lugares possíveis no curto período que tem disponível. Acredita que a história foi e continua sendo distorcida para beneficiar alguns grupos, e somente explorando a verdade oculta no passado é que se consegue montar o quebra-cabeça do mundo.