Islândia (dia 11): Snorkeling em Silfra e os elfos em Reykjavík

Um dia de aventura nas águas geladas e de curiosidades na chegada à capital


O dia amanheceu chuvoso e frio naquela manhã. O termômetro do carro marcava 4°C e não dava para acreditar que eu teria que me levantar e entrar na água gelada de Silfra naquela manhã para fazer snorkeling por entre as placas tectônicas da América do Norte e da Eurásia que são visíveis debaixo d´água. Tive que tomar coragem e enfrentar o frio.


SNORKELING EM SILFRA

Silfra é alagada por fontes de águas subterrâneas originadas do degelo dos glaciares. Nadar nessas águas geladas não é o tipo de coisa que se possa fazer sem equipamentos específicos de mergulho, por isso, é necessário contratar uma boa agência em que se possa confiar na qualidade dos equipamentos ou então vai doer na pele se entrar água. Por isso, recomendo a DIVE.IS que possui uma excelente roupa de neoprene (isola mesmo, não entra água!) e uma equipe bastante profissional. Os preços e reservas podem ser pesquisados no site https://www.dive.is/

Silfra na região de encontro das placas tectônicas da América do Norte e da Eurásia


 Placa que indica: mergulhadores na área!


O ponto de reunião para o mergulho é no estacionamento em frente à Silfra, que fica dentro do Parque Nacional Þingvellir. A agência também oferece transporte que parte da capital Reykjavík, mas como eu estava fazendo a road trip, vindo do norte, marquei o encontro ali mesmo.

Escritório móvel da DIVE.IS


Fui muito bem recebido pela equipe bem humorada e "multinacional" da DIVE.IS, com um guia estoniano e um italiano. O grupo foi reunido dentro de uma van (para proteger do frio) e recebemos um briefing com informações importantes da atividade. A próxima etapa foi receber as roupas especiais.  Anteriormente, a agência recomendou por email a trazer "segunda pele" e meia para usar embaixo do neoprene e ajudar a evitar o frio. E eles ainda foram legais ao emprestar um macacão térmico para vestir por baixo. Recebemos ajuda na hora de vestir aquela roupa de neoprene especial. 

O neoprene para proteger do frio de 2°C tem que ser próprio para a atividade


Foto aérea do percurso do snorkeling


O guia italiano Stefano ajuda a preparar o equipamento


Seguimos andando por alguns metros até o local de entrada em Silfra. Há uma escada de metal que facilita, principalmente depois que colocamos as nadadeiras e a máscara com snorkel. Não precisa ter conhecimento de mergulho ou ter feito isso antes, tudo é bem explicado e a roupa de neoprene flutua. Além disso, a roupa realmente veda a entrada de água no corpo, no máximo entra um pouco nas luvas, mas nada que faça "congelar" as mãos. 

Canal formado pela separação das placas tectônicas


Últimas orientações antes de entrar na água


Nadadeira, máscara e snorkel. Agora sim equipamento completo!


Alguns testes de flutuação são feitos no começo, a comando do guia, logo depois se inicia o percurso do snorkeling. Assim que coloquei o rosto dentro da água, me admirei com a beleza daquele lugar. É um show de cores e de visibilidade. Além de ser autorizado levar câmeras fotográficas, GoPro, etc., os guias também tiram fotos das pessoas do grupo e as disponibilizam para quem estiver interessado em comprar.

Teste de flutuação e de permeabilidade da roupa


A primeira visão das cores surpreende de tão bonita


A fissura de Silfra intercepta um aquífero principal que alimenta várias nascentes


Apesar de raso nos pontos de entrada, tem profundidade máxima de 63 metros


O percurso tem cerca de 200 metros por entre as placas tectônicas, em alguns pontos dá para tocar nos 2 continentes ao mesmo tempo 😎. No final, chegamos na Lagoa de Silfra que parece uma grande piscina de 5 metros de profundidade. Ali está a escada de saída para quem quiser finalizar o snorkeling, mas é possível passar mais um tempinho nadando por ali.

Em certo ponto é possível tocar nas duas placas tectônicas ao mesmo tempo


Chegada à Lagoa de Silfra


Rachadura causada pelo movimento das placa na entrada da lagoa


A parte mais funda da lagoa mede 5 metros de profundidade


Ao retornar ao ponto de reunião, após tirar a roupa de mergulho, ganhamos um chocolate quente e uns cookies para comemorar. O snorkeling nas placas tectônicas superou minhas expectativas, tendo sido uma das experiências mais incríveis que eu tive na Islândia. Recomendo a DIVE.IS que também tem perfil no Instagram ( @dive.is ) para quem se interessar por mais imagens de Silfra.

Ponto de término do percurso do snorkeling


No final, um lanche com chocolate quente


ELFSCHOOL

Era hora de chegar, enfim, na civilização: Reykjavík, a capital da Islândia, que possui cerca de 2/3 da população do país. Mas antes de explorar a cidade, segui para um dos lugares mais misteriosos e surreais da cidade, a Elfschool. É uma Escola de Elfos! Sim, acredite!

Chegada na capital Reykjavík


A inacreditável Elfschool, a escola para estudos de elfos


Ao pesquisar sobre as crenças do país, descobri que 55% da população acredita realmente na existência de elfos e de seres ocultos que são conhecidos como Hidden People (pesquisa realizada em 2006). Descobri ainda que existe essa escola que pesquisa a crença dos elfos e ministra aulas para o público toda sexta feira, de 15h às 19h. O preço do "curso" é salgado, eles cobram 64 dólares / 54 euros. Para reservar um lugar nesse curso, basta mandar um e-mail para mhs@vortex.is e o pagamento se faz no dia da "aula".

Os elfos e outros seres folclóricos são a razão de existir dessa escola


Como eu não tinha reservado nada por ter achado tudo muito obscuro, cheguei em torno das 13h na Elfschool para entender como funcionava o tal curso localizado em um prédio comercial (veja a localização no Google Maps). A porta estava fechada e não havia ninguém lá. Dei uma volta na cidade e retornei próximo das 15h. Haviam algumas pessoas no corredor do prédio. Aguardei ali também até que chegou um homem gordo chamado Magnús Skarphéðinsson.

Há um aviso na porta que proíbe usar celular nas aulas


Ele entrou e pediu ajuda para organizar a sala. O ambiente é meio louco, com várias estátuas, imagens, figuras, livros, etc., que representam elfos, anões e outros seres. Paguei a entrada (mesmo sem ter reservado) e recebi uma apostila sobre elfos. Tudo muito surreal.

Um lugar que varia entre a beira da loucura, a curiosidade e a desconfiança 


Recebimento de material didático ao fazer a "matrícula"


Apostila em inglês do curso de elfos


Haviam no curso um casal americano, uma inglesa, um francês e três "cinquentonas" islandesas. O Magnús iniciou a seção que mais parecia uma reunião de auto-ajuda e logo descobrimos que uma das islandesas afirmava ver elfos. Contou vários relatos sobre elfos, mas ela tinha jeito de louca e eu tentei entender se aquilo tudo era real ou uma grande farsa. A "aula" não tinha nada de científico, nem o conteúdo da apostila era usado, eu comecei a desconfiar que aquele curso era uma fraude. Pelo menos houve um intervalo em que foram servidas panquecas e chocolates de graça. 

Coffee break com café, chá, pão, manteiga, chocolate, panquecas com geleia e creme de leite


Mas tarde eu descobriria na internet que aquele "professor", que eu desconfiava se realmente era um estudioso ou seria um estelionatário, respondia um processo na justiça da Islândia por assédio sexual a um rapaz adolescente (veja a notícia aqui). Enfim, ao terminar as aulas, o Magnús nos diplomou por ter concluído aquele curso com "êxito" 😒 e eu tinha a leve sensação de que tinha sido feito de trouxa. Pelo menos agora sou especialista em elfos! Espero que some algo para o meu currículo 😒.

Magnús posando para a foto do "álbum de formatura" no curso de elfos 😐


REYKJAVIK

Fui em direção ao centro da cidade. Era o momento de ter as primeiras impressões da capital Reykjavík. Meu amigo que é adepto a provar a culinária local, resolveu procurar um lugar barato que servisse "cabeça de cabra", um prato tradicional islandês. Pedir em um restaurante com certeza seria uma opção cara, foi então que, pesquisando na internet, ele descobriu que no mercado Melabúðin (veja aqui a localização no Google Maps) vendiam esse tipo de comida em bandejas prontas para comer por apenas 340 ISK. Para quem gosta de comida exótica, é uma opção barata...

Tjörnin, a lagoa no centro da capital Reykjavík


Melabúðin, um mercadinho que vende cabeça de cabra pronta para comer


A cabeça de cabra é embalada numa bandeja de isopor e já vem aquecida


Para quem gosta de uma culinária regional exótica ... 😓



VESTURBAEJARLAUG

Ao passar no centro de informações turísticas para pedir informações sobre a Lagoa Azul, descobri que em Reykjavík havia uma piscina pública aquecida que era 10% do valor da Lagoa Azul, com a vantagem que não era um lugar popular, não conhecido da maioria dos turistas. Seu nome era Vesturbæjarlaug e a entrada custou 900 ISK. Veja aqui a localização no Google Maps. Não é permitido fotografar na área das piscinas. 

Vesturbæjarlaug, uma piscina termal popular e pouco conhecida por turistas


Vestiário da piscina pública


NOITE DE REYKJAVIK

Assim que anoiteceu (por volta das 22h30) fui dar uma volta no centro de Reykjavík. Caminhei até a Harpa Concert Hall and Conference Centre um edifício iluminado e colorido com vista para o porto. É possível fazer visita guiada de 30 minutos (1.500 ISK; 13:00, 15:30 e 16:30 de segunda a sexta-feira, e 15h30, 11h, 13h e 15h30, sábado e domingo). Outra opção de entretenimento noturno são os bares e pubs nas ruas Austurstræti, Bankastræti e na avenida Lækjargata onde está o Hard Rock Cafe Reykjavik

Pubs na rua Austurstræti


Harpa Auditório e Centro de Conferência


Caixa de correio na rua para receber cartas para Papai Noel


Restaurantes em volta da Praça Ingólfur


Para fechar o dia, segui de carro para um lugar afastado do centro de Reykjavík e que não fosse proibido passar a noite. Estacionei no parque Heiðmörk. Veja o local em que pernoitei no Google Maps.


VEJA O VÍDEO

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MEU ROTEIRO


Roteiro completo: MISSÃO ISLÂNDIA

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Sobre o autor

Sobre o autor
Renan é carioca, mochileiro, historiador e arqueólogo. Gosta de viajar, fazer trilhas, academia, ler sobre a história do mundo e os mistérios da arqueologia, sempre comparando os lados opostos de cada teoria. Cada viagem que faz é fruto de muito planejamento e busca conhecer o máximo de lugares possíveis no curto período que tem disponível. Acredita que a história foi e continua sendo distorcida para beneficiar alguns grupos, e somente explorando a verdade oculta no passado é que se consegue montar o quebra-cabeça do mundo.