África do Sul: 3 dias de safári pelo Kruger Park

Perrengues e momentos inesquecíveis no meio da vida selvagem


A experiência de viver um safári na África é bastante gratificante. Ver os animais vivendo livremente sem parecer se incomodar com a presença humana dentro de carros nos faz refletir sobre o modelo que no futuro os zoológicos deveriam seguir. O Kruger National Park é o maior game park da África do Sul e um dos mais bem estruturados do continente. 



KRUGER NATIONAL PARK

O parque tem o nome em homenagem ao ex-presidente sul-africano Paul Kruger que criou essa área protegida para a vida selvagem e abriu pela primeira vez ao público em 1927. Hoje o parque tem em suas terras acampamentos, hospedagens e lodges privados. As concessões são parcelas de terra operadas por empresas privadas em parceria com comunidades. São nove portas principais, permitindo a entrada para os diferentes campos.

As girafas atravessam as estradas sem medo dos carros


Um game, no inglês sul-africano e no jargão de caçadores se refere ao "jogo" de encontrar os animais. Logo, game drive é o passeio de observação, principalmente dos chamados “Big Five”. Essa é outra nomenclatura que vem da caça e se refere aos animais mais perigosos para o caçador: leão, leopardo, rinoceronte, búfalo e hipopótamo. Não é permitido sair do carro no parque. Tenha cuidado ao se aproximar dos animais, por mais que pareçam mansos. A taxa de entrada no parque custa 15 USD.


TOUR DE 3 DIAS

Primeiro conselho que eu dou sobre o Kruger Park é: reserve com antecedência a hospedagem. Como não tive muito tempo para planejar a viagem, a maioria das hospedagens localizadas dentro dos portões do parque estavam esgotadas. As dicas que eu tinha de hospedagem era o Needles Lodge e o Skukuza Camp, mas não havia mais vaga. O problema de se hospedar fora dos portões do parque é que ele só abre de 06h00 às 17h30, impedindo programação de safáris no sunrise (nascer do sol) ou sunset (pôr-do-sol), horários em que é mais fácil ver alguns animais, como o leão por exemplo. Quando eu já estava na Namíbia e não tinha achado nenhuma hospedagem do jeito que queria, fechei um pacote de tour oferecido pelo hostel Once in Joburg por 7.010 R (+-R$ 1.752,50), sendo 3 dias e incluso o transfer de ida e volta, 2 pernoites no lodge, 2 cafés da manhã, 2 jantares e safáris guiados num veículo 4x4. Não era dentro do parque, mas era o melhor custo-benefício naquele momento.


DIA 1

O tour contratado era da agência Viva Safaris que deu vários "furos" nesses 3 dias. Para começar, o hostel me informou que a van da agência me buscaria às 8h30 para o transfer até o Kruger Park, mas o carro chegou às 8h00 e eu ainda estava no café da manhã (1ᴼ Problema). Foi uma correria para fazer o check out e o motorista ainda falou que eu estava atrasado e que isso atrasaria outros clientes que ele tinha que buscar! Depois da discussão, a van seguiu viagem. No meio do caminho fizemos uma parada num ponto famoso do percurso: o Alzu Petroport, um posto de gasolina e restaurante no estilo do Graal brasileiro. Esse posto é uma grande atração por ser um ponto de observação de animais selvagens "criados" por ali.

O Alzu Petroport é um grande posto com restaurante e mercado


Nos fundos do posto existe um mirante para observar os animais selvagens próximos à lagoa


Orics, búfalos, zebras e rinocerontes convivem e se alimentam harmoniosamente


Essa foi a única observação do rinoceronte em todo o tour


Algumas avestruzes também vivem naquele local


Continuamos pela estrada até o motorista fazer uma parada num dos últimos caixas ATM do percurso para quem ainda queria sacar dinheiro para o parque. Mais a frente foi a parada para o almoço no Restaurante MyFly. Como essa refeição não estava inclusa no pacote, tive que pagar. Ainda tentei obter a senha do wi-fi mas o atendimento estava ruim. Somente às 17h00 a van chegou no Tremisana Lodge e todos foram fazer o check in. Nesse momento, mais uma coisa estranha aconteceu (2ᴼ Problema): a gerente disse que tinha que falar comigo depois que todos fizessem o check in. Esperei e então ela me explicou que, na próxima noite, estava previsto dormir em barraca (tent) na savana, mas que a "minha barraca" estava em estado ruim. Me perguntou se tinha algum problema dormir ali mesmo no lodge naquela noite. Eu disse que não tinha problema (até porque dormir em barraca não é novidade pra mim) mas fiquei pensando: por que logo eu???

Entrada do Tremisana Lodge


Quase no sunset (pôr-do-sol) segui para a primeira atividade naquelas terras selvagens que se localizavam nas imediações do lodge. Presenciei o sol caindo no horizonte da savana e seguimos de carro 4x4 para observar os animais em seu hábito noturno. Foi possível ver zebras e impalas pastando a noite. 

Safári noturno é uma experiencia que permite ver o hábito dos animais à noite


O sol encerra suas atividades com um show de luzes na savana


O passeio terminou num local onde o jantar do grupo é preparado no fogo e as mesas com velas ficam em torno de uma antiga árvore de amarula e sob o céu limpo e estrelado. Tinha tudo para ser um momento rústico marcante da viagem, mas eu tive mais um estresse (3ᴼ Problema). Eu já sabia que o jantar estava incluso no valor do tour, mas as bebidas não, porém a funcionária do lodge responsável pelo jantar anunciou que faria um sorteio de bebidas para todos pelas boas vindas. Foi então que ela foi falando os números dos quartos e entregando as cortesias (teve até um cara que ganhou 8 long necks de cerveja!). Quando o "sorteio" terminou, o meu quarto foi o único que não ganhou nada! Eu imediatamente me estressei com a situação, mas meu amigo teve a cara de pau de perguntar se nosso quarto não ganharia nada. A funcionária ficou enrolada e trouxe duas latinhas de refrigerante, mas eu recusei a minha! Para completar a noite, o wi-fi do lodge não estava funcionando (4ᴼ Problema).

Jantar montado à céu aberto, com velas e próximo a uma antiga árvore de amarula


DIA 2

Este foi um dos dias mais importantes do tour e, sem dúvidas, um dos mais impressionantes da viagem pelo sul da África. Às 7h00 tomei o café da manhã e às 7h40 o carro 4x4 já estava saindo do lodge em direção ao portão do Kruger Park. A primeira surpresa foi a motorista/guia: uma loira de olhos azul turquesa, descendente de holandesa, que tinha um estilo de bióloga que amava os animais. A mulher dirigia aquele 4x4 com muita habilidade e sem nenhuma frescura. Ao entrar no parque, os carros devem respeitar os limites de velocidade que variam de 20 a 50 km/h, isso se deve ao animais que cruzam a pista quando menos se espera.

Portão de entrada no Kruger Park


As estradas do parque são muito boas, não tendo necessidade de carros 4x4


Zebras e impalas convivem lado a lado e são muito comuns no parque


Ver esse "cavalo presidiário" de perto não tem preço


Um gnu solitário pastando


Os gnus pertencem à família dos bovídeos e podem correr até 80 km/h para fugir dos predadores


A primeira de muitas girafas que apareceriam pelo caminho


Acho que interrompi a refeição dessa girafa aí


Um gavião na seca árvore da savana


Onde tem água tem vida, sempre há algum animal em volta


Espécie da garça goliath heron comum no sul da África


O ponto alto desse safári seria encontrar o rei dos animais. Não demorou muito e achamos pegadas dele pelo caminho. Momentos depois vimos um carro parado e, ao se aproximar, os ocupantes sinalizaram o que havia ali: um leão e uma leoa dormindo tranquilamente na sombra de uma árvore na beira da estrada. Minutos mais tarde o local já estava cheio de carros querendo fotografar o animal, que mantinha a tranquilidade de quem é rei e não se importava com os curiosos.

Pegadas anunciam que o leão está perto


O rei dos animais dorme tranquilamente sem se importar com as pessoas em volta


Vários carros começaram a se aglomerar para ver o leão de perto


Depois de uma parada na hora do almoço (como não estava incluso no pacote, levei um bolinhos para comer e economizar), seguimos explorando outra parte do parque. Muitas girafas apareceram, cujos machos chegam a 5 metros de altura e 2,50 metros de comprimento. Possuem línguas preênseis que chegam a 50 cm e são capazes de pegar as folhas de acácias, sua principal fonte de alimentação, entre pontiagudos espinhos nos altos da árvore.

Um dos animais mais comuns no parque e divertidos de observar


Devido ao fraco teor nutritivo das folhas, as girafas precisam comer grandes quantidades e passam quase 20 horas por dia comendo


Outro tipo de animal que rouba a cena no safári é o simpático elefante. Apesar de forte e com potencial para causar um estrago caso ataque, os elefantes do parque convivem tranquilamente com os homens e carros. Os elefantes são os maiores animais terrestres atualmente, podem chegar a 6 toneladas e medir mais de 4 metros de altura. Durante a época de acasalamento, o aumento da testosterona deixa o animal agressivo.

Uma manada de elefantes atravessa a estrada


A força de um elefante permite levantar até 10.000 kg


Os filhotes são os mais queridos e fotografados pelos turistas


Os elefantes-africanos são maiores que os asiáticos e têm orelhas mais desenvolvidas que permite libertar calor em altas temperaturas.


Um dos elefantes parou bem próximo do carro e parecia observar de volta


Deu até para me comunicar o curioso animal


Ao ir embora, ainda fingiu que viria na direção do carro


O safári terminou à noite e fiquei na estrada um tempão até chegar a van que me buscaria de volta para o lodge. Logo depois caiu uma chuva torrencial e, advinha, a internet wi-fi não funcionou de novo! 😒


DIA 3

O terceiro dia já começou com mais uma confusão. Depois de avisarem que a alvorada daquela manhã seria às 5h00 e um pequeno lanche às 5h30, acordei cedo para fazer o esperado Bush Walking, uma caminhada pela savana com um especialista na flora e fauna local. Foi então que o guia me falou que eu não poderia ir pois teria que retornar depois das 7h00 para Johanesburgo, devido o meu pacote ser de 3 dias (5ᴼ Problema). Discuti e mandei chamar a gerente do lodge, para esfriar os ânimos, outra guia resolveu me levar, porém em viatura separada para voltar antes das 7h00. Pelo menos consegui fazer parte do passeio. 

O grupo segue para uma caminhada com uma espingarda para a segurança


O especialista explanando sobre uma planta utilizada para fazer tala de feridos


Cocô de girafa, apelidado de bombom da savana, é comestível (e o guia comeu para demonstrar)


O guia mostra a utilidade das plantas, sendo uma "papel higiênico" e outra que coleta almas penadas


O melhor momento foi se aproximar do habitat dos hipopótamos


Apesar de serem animais perigosos, estes hipopótamos pareciam não ligar para nossa presença


Às 7h20 retornei para o lodge, tomei café e fui fazer o check out. Neste momento, cobraram o tal refrigerante que deram de cortesia no jantar do primeiro dia na "Árvore de Amarula" (6ᴼ Problema). Mais uma discussão, mandei chamar a funcionária que estava naquela noite, e no final se resolveu. Para ir embora mais estresse, fiquei um tempão esperando, parecia que a van já tinha saído. Outra van me levou até um posto na estrada e fiquei mais um tempo esperando outra van do Viva Safaris que passaria com destino a Johanesburgo (7ᴼ Problema). Depois que tudo foi resolvido e a van já estava no caminho de retorno, fez uma parada no mirante de um vale com cadeias de montanhas espetaculares. 

A van fez uma parada no mirante das montanhas


A formação rochosa é extensa e impressionante


Uma das vistas mais bonitas que eu tinha visto até aquele momento na África


Depois de fazer mais uma parada para almoço no mesmo restaurante da ida e passar várias horas na estrada, a van finalmente chegou em Johanesburgo. Anteriormente, o motorista anotou a localizaçao dos hotéis para deixar os passageiros na ordem do itinerário, mas adivinha só! Ele passou direto e esqueceu de me deixar no meu hostel que era no centro. Perdi mais 1 hora do meu dia até ele deixar o último e retornar para o centro da cidade (8ᴼ Problema). Resumindo, depois desses 8 problemas mais estressantes, não recomendo fazer o tour pela Viva Safaris ou ficar hospedado no Tremisana Lodge. E o Kruger Park? Esse sim é nota 10!


VEJA O VÍDEO

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Sobre o autor

Sobre o autor
Renan é carioca, mochileiro, historiador e arqueólogo. Gosta de viajar, fazer trilhas, academia, ler sobre a história do mundo e os mistérios da arqueologia, sempre comparando os lados opostos de cada teoria. Cada viagem que faz é fruto de muito planejamento e busca conhecer o máximo de lugares possíveis no curto período que tem disponível. Acredita que a história foi e continua sendo distorcida para beneficiar alguns grupos, e somente explorando a verdade oculta no passado é que se consegue montar o quebra-cabeça do mundo.