África do Sul: Perrengues no vôo com a companhia aérea TAAG

A angolana TAAG cancelou o vôo na data prevista e ainda extraviou a mochila no trajeto 


Apesar que desejar há alguns anos fazer essa viagem pelos países do sul da África, o tempo para planejar o roteiro foi curto e tinha tudo para dar errado. Por incrível que pareça, o roteiro foi bem sucedido, mas a escolha da companhia aérea não, e foi isso que gerou o maior perrengue de todos: viajar 18 dias apenas com a bagagem de mão!


O EMBARQUE

Embarquei no Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, por volta das 15h50. A previsão era chegar em Cape Town, na África do Sul, às 14h00 do dia seguinte depois do vôo fazer escala em Guarulhos e conexão em Luanda, na Angola. Tudo saindo conforme o planejado até pousar em Guarulhos e começar o pesadelo...

A passagem foi barata, mas o barato saiu caro!


Por volta das 17h00, durante a escala do vôo, percebi que entraram poucos passageiros e que o avião seguiria bem vazio para a África. Coincidência ou não, o piloto anunciou que a aeronave estava em pane e todos os passageiros permaneceram quase duas horas dentro do avião até que chegou a ordem para desembarcar e retornar ao aeroporto. Seria realmente uma pane ou um jeito de evitar seguir viagem com poucos passageiros? Ali foi distribuído um voucher e fomos encaminhados ao Novotel do bairro de Santana. A minha esperança era que a pane fosse logo resolvida para que eu não perdesse os preciosos dias da viagem.

Aeronave da Angola Airlines - TAAG


No dia seguinte fui ao café da manhã bem cedo, preocupado com o horário de saída do vôo, e fomos informados mais tarde pelo hotel que o check out seria às 13h00 e a viatura da TAAG buscaria os passageiros às 14h00 para o aeroporto. Antes disso, ligamos para o escritório da TAAG para obter informações concretas sobre o vôo. Eles nos tranquilizaram informando que a gente seria encaixado em algum vôo para Cape Town. Também recebemos uma carta do hotel com um recado dizendo que a decolagem seria às 16h00. 


E O PROBLEMAS SE MULTIPLICAM

Seguimos para o aeroporto e fomos encaminhados ao escritório da TAAG. Então fomos informados que o vôo só aconteceria no dia seguinte!!! Tentamos a possibilidade de ser encaixados no vôo de outra companhia parceira com destino a Cape Town, mas disseram que todos estavam lotados. Depois de muita discussão, foi cogitada a possibilidade de embarcar num voo da TAAG para Johanesburgo que já estava quase partindo e, de lá, eu compraria um vôo para Cape Town para a TAAG ressarcir na volta. Tudo foi feito na correria e com total desorganização. Ainda tentaram me convencer a deixar meu canivete no aeroporto para não precisar despachar a bagagem. Eu me neguei a deixar e fizeram o despacho erradamente (proposital ou não, mais tarde eu descobri que não etiquetaram corretamente). Na vez do check in do meu amigo, eles disseram que o sistema caiu e emitiram um bilhete manual! Antes de embarcar, já desconfiado por causa da desorganização, perguntei no portão de embarque se estava tudo certo com o bilhete, e fui confirmado pelos funcionários.

Depois de muita confusão, embarquei num vôo para Johanesburgo com conexão em Luanda


Durante o vôo conheci a cerveja angolana Cuca


Chegamos de madrugada em conexão na cidade de Luanda, na Angola, e explicamos tudo para uma funcionária do aeroporto que nos recebeu. Tudo foi tratado com normalidade e fomos encaminhados para aguardar o embarque novamente. Às 9h15, o avião decolou para Johanesburgo, na África do Sul.

Aeroporto de Luanda, capital da Angola


BAGAGENS EXTRAVIADAS

Cheguei por volta das 13h00 no Aeroporto Internacional O. R. Tambo, em Johanesburgo e, ao me encaminhar às esteiras de bagagem, fui recebido por funcionários que prestavam serviço à TAAG que, estranhamente, já me esperavam, segundo eles para me ajudar a comprar passagem para Cape Town. Foi então que descobri que minha mochila (e também a do meu amigo) foi extraviada. Me fizeram preencher uma ficha de uma empresa terceirizada (Menzies Aviation) que seria a responsável por localizar a bagagem num prazo para encontrar em 7 dias ou seria iniciado um processo de indenização (mais tarde, após os 7 dias, nada foi feito e nem satisfação recebi). Começava ali uma sobrevivência de 18 dias com apenas minha bagagem de mão e a roupa do corpo.

Aproximação aérea da cidade de Johanesbusgo, na África do Sul.


Para piorar a situação, fui procurar passagem para voar até Cape Town nas empresas que faziam esse trajeto: British Airways, South Africa Airways, FlySafair, Kulula e Mango. Todos os vôos estavam esgotados e os mais baratos só tinham para dois dias na frente. A opção foi comprar uma passagem na FlySafair para o dia seguinte, às 7h00. Outro prejuízo: além de ter que pagar a hospedagem em Cape Town que já estava reservada no hostel Once in Cape Town, ainda tive que pagar o pernoite num hotel no aeroporto de Johanesburgo, o City Lodge Hotel, a opção mais barata do local. Mesmo "rachando" um quarto com meu amigo, a conta saiu por 954,45 (R$ 257, 81) para cada um! Além disso, tendo já a roupa do corpo com mau cheiro, tive ainda que improvisar uma lavagem com o sabonete do hotel e pendurar na janela para usar no dia seguinte.

Fui para o hotel só com a roupa do corpo e tive que lavar para sobreviver


Apesar dos perrengues causados pela TAAG, nem tudo deu errado. Ao passar a noite lá, saí para jantar na praça de alimentação do aeroporto de Johanesburgo e foi ali que conheci a franquia Debonairs Pizza que pode ser encontrada em vários lugares da África do Sul e Namíbia. O que tem de diferente? Uma pizza de 3 camadas nos sabores de carne e frango. O valor da big? 129 Rands, cerca de R$ 35.

Pizza tripla: dá água na boca só de olhar essa foto


Na manhã seguinte consegui embarcar para Cape Town apesar de ter perdido 2 dias de roteiro com toda essa confusão proporcionada pela TAAG. Ainda perdi tempo de diversão ao chegar e ter que sair para comprar algumas (2 de cada) roupas, cuecas, meias e sabão de coco para ir lavando e seguindo viagem. Recomendo que ninguém escolha essa companhia aérea para qualquer tipo de serviço.


ROTEIRO

Roteiro completo: MISSÃO SUL DA ÁFRICA

Próximo: CAPE TOWN

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Sobre o autor

Sobre o autor
Renan é carioca, mochileiro, historiador e arqueólogo. Gosta de viajar, fazer trilhas, academia, ler sobre a história do mundo e os mistérios da arqueologia, sempre comparando os lados opostos de cada teoria. Cada viagem que faz é fruto de muito planejamento e busca conhecer o máximo de lugares possíveis no curto período que tem disponível. Acredita que a história foi e continua sendo distorcida para beneficiar alguns grupos, e somente explorando a verdade oculta no passado é que se consegue montar o quebra-cabeça do mundo.