Ilha de Páscoa: Pedras e pinturas rupestres em Ana Kai Tangata

Um passeio pelo incrível litoral sul de Hanga Roa até a caverna com pinturas antigas


A Ilha de Páscoa consegue ser exótica mesmo nos pontos não turísticos. Por isso, segui a pé do centro de Hanga Roa ao sul, pelo seu litoral de pedras incríveis e pouco conhecido, até chegar em Ana Kai Tangata, uma das cavernas mais bonitas e acessíveis da ilha.

Localização de Ana Kai Tangata na Ilha de Páscoa


Litoral sul da cidade de Hanga Roa


Fui caminhando pelo litoral até me afastar do perímetro urbano, passei por um porto ao sul da cidade e depois observei um acesso que descia até as pedras. O lugar é impressionante! As rochas vulcânicas possuem uma coloração entre o cinza e o avermelhado, em uma verdadeira selva de pedras exóticas. Me sentia em outro planeta.

Desci pelas pedras pontudas com cuidado para não me ralar


A visão é de uma imagem multicolorida...


... e o cenário é de outro planeta!



Vala formada ao longo de anos pelo impacto das ondas


As ondas quebram fazendo um show de imagem nas pedras


Subindo por uma escadaria, a trilha segue pela parte mais elevada do litoral. Na altura do Hotel Iorana fica a entrada para Ana Kai Tangata, sinalizada por uma grande placa. Para acessar a caverna é necessário descer uma escada e pronto, lá está a caverna com uma pequena enseada escondida pelas rochas.

A trilha sobe e passa por cima das rochas vulcânicas


Passei por uma área com guarda-sol, provavelmente de algum hotel


Momento de descanso com um cenário paradisíaco


Um dos maiores mistérios de Ana Kai Tangata é a origem do seu nome. Traduzindo de acordo com o idioma Rapa Nui conhecido, a palavra Ana significa "caverna", Tangata significa "homem" e Kai significa "comer". Logo, o nome da caverna seria traduzido como "a caverna dos canibais". No entanto, não existe prova arqueológica ou tradições orais que confirmem que os Rapa Nui praticavam o canibalismo.

Na tradução do idioma Rapa Nui, o mome significaria "Caverna dos Canibais"


Uma escada leva à caverna que se encontra na parte baixa do rochedo


Outra teoria alega que a palavra Kai significava "para reunir", "contar" ou "ensinar" no idioma antigo, justificando o uso da caverna para reuniões ou ensino. A caverna teria sido usada como um porto "para ensinar" como fazer canoas. 

A paredes rochosas cercam a enseada da caverna


As águas tranquilas formam uma piscina natural ideal para um porto de canoas


A caverna se destaca pelas pinturas feitas no teto, representando pássaros, principalmente manutaras (gaivota nativa). As pinturas foram feitas com pigmentos naturais e gordura animal. Por causa da referência a manutaras, também sugere-se ter sido usada como local de reunião dos candidatos na competição do Homem Pássaro.

Muitos turistas visitam este local já que é tão perto da cidade


Uma atração da caverna é assistir as ondas quebrando nas pedras, mas a água nunca entra na caverna


Nessa parede inclinada estão as pinturas rupestres


Aos poucos, os desenhos estão desaparecendo devido a umidade da caverna. Em 1914, o arqueólogo Routledge registrou que haviam muitos pássaros desenhados e até uma imagem que parecia com um navio europeu. Se isso for real, significa que são bem pinturas recentes.

As pinturas rupestres formam a principal atração de Ana Kai Tangata


Pássaros manutaras estão representados nas paredes da caverna


O efeito da umidade atinge as pinturas que estão se apagando


As paredes são formadas por placas vulcânicas


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Sobre o autor

Sobre o autor
Renan é carioca, mochileiro, historiador e arqueólogo. Gosta de viajar, fazer trilhas, academia, ler sobre a história do mundo e os mistérios da arqueologia, sempre comparando os lados opostos de cada teoria. Cada viagem que faz é fruto de muito planejamento e busca conhecer o máximo de lugares possíveis no curto período que tem disponível. Acredita que a história foi e continua sendo distorcida para beneficiar alguns grupos, e somente explorando a verdade oculta no passado é que se consegue montar o quebra-cabeça do mundo.