Turquia: As maravilhas de Istambul, a antiga Constantinopla (dia 1)

O começo de 3 dias de visita à capital da Turquia e seus tesouros do passado



Ao ser acordado depois de uma "bela" noite de sono no chão do aeroporto por uma máquina de limpeza operada por um senhor turco da equipe de faxina, tomei meu café da manhã com direito a biscoito recheado com água, escovei meus dentes no banheiro, saquei o mapa do metrô que eu imprimi antes da viagem, e parti para oficialmente entrar na Turquia.

Chegada na capital turca


Istambul obteve sua posição de destaque na história quando o imperador Constantino transferiu o governo de Roma para Bizâncio, em 324 d.C., renomeando a cidade como Nova Roma. O nome não pegou, e ela passou a ser conhecida como Constantinopla, a cidade de Constantino. 


COMEÇANDO EM RITMO ACELERADO

Na saída do aeroporto existem placas indicando Metro Hafif. Entrei no vagão e fui acompanhando cada estação até chegar na décima sexta estação (Aksaray) de onde existe uma integração para a linha de tram para Sultanahmet, o centro histórico da antiga Constantinopla e onde estão concentrados os principais pontos turísticos.

Dá para chegar em Sultanahmet desde o aeroporto, fazendo integração metrô + tram


Ao chegar em Aksaray foi meio confuso achar o caminho pois as estações não são tangentes. A melhor dica é descer na sexta estação (Zeytinburnu) e pegar a linha T1 de tram logo no início. Sultanahmet fica na décima sétima estação. Mais detalhes no post Dicas de Transporte na Turquia.

Entrada do Palácio Topkapi, outra grande atração que ficou para outro dia de exploração


Ao chegar, eu tinha que arrumar um lugar para deixar a mochila e fechar o transfer no final da tarde para o distante Aeroporto Sabiha Gokcen, na parte oriental de Istambul, onde eu embarcaria às 20h05 para a Capadócia, num vôo da empresa low cost Pegasus (empresa chinesa!).

Guardas armados de fuzil fazem a segurança da área turística


Uma viatura Smart da guarda municipal


O plano era pesquisar o tranfer mais econômico e, quando fechar com a agência, pedir para deixar a mochila lá até o horário. Procurei, mas não teve jeito, o preço era tabelado. Fechei com a agência que me pareceu mais disposta a guardar a mochila e logo parti para cumprir a missão em Sultanahmet. Detalhe: O horário do transfer estava previsto às 16h, então eu teria apenas algumas horas para conhecer o principal centro turístico de Istambul. Como esse dia seria apenas um bônus, pois sempre deixo o local de embarque para o retorno ao Brasil no fim do roteiro (tenho motivos para isso...) eu ainda teria mais 2 dias completos no final do roteiro para explorar essa área.


PRAÇA DO HIPÓDROMO

No meio de Sultanahmet, está a Praça do Hipódromo, um local escolhido por Constantino e seus sucessores para ser o mais bonito da cidade. O local foi o centro da vida social da cidade e das corridas de bigas. A cidade se dividia entre seguidores da equipe dos Azuis (Venetii) e dos Verdes (Prasinoi). Haviam outras duas equipes, os Roxos (Rousioi) e os Brancos (Leukoi), que foram sendo absorvidas com o tempo pelas duas equipes principais.

Foram enviados monumentos de diversos templos dos domínios do império bizantino, a começar pelo Tripode de Plateias, ou Coluna Serpentina, como é conhecido atualmente. O imperador Constantino ordenou trazê-lo desde o Templo de Apolo, em Delfos. Representa a vitória dos gregos sobre os persas nas Guerras Médicas (5 a.C). A parte superior possuía uma bola dourada sobre três cabeças de serpente. A bola desapareceu durante a Quarta Cruzada e as cabeças foram destruídas no final do século 17 por um nobre bêbado (de acordo com a lenda) e hoje se encontram no Museu Arqueológico de Istambul.

Mastro retirado do Templo de Apolo, onde ficava o famoso oráculo de Delfos


Em 390 d.C., o imperador Teodósio também contribuiu no embelezamento da praça trazendo um obelisco desde Luxor, no Egito. Pertencia ao Templo de Karnak e é datado de 1.490 a.C. Para trazer o obelisco até Constantinopla, foi necessário dividi-lo em três partes. O que vemos é apenas a parte superior, a única que restou. Conhecido agora como Obelisco de Teodósio, é um mistério pela sua boa preservação ao longo de 3.500 anos.

O obelisco misteriosamente bem conservado foi construído com granito rosa no reinado de Tutmés III 


Na base do obelisco de Teodósio está um bloco com a escultura do imperador em destaque  


Outro obelisco foi construído no século 10 pelo o imperador Constantino VII. Era todo coberto com placas de bronze douradas, mas foi pilhado durante a Quarta Cruzada, sobrando apenas o interior de pedra que pode ser visto na praça.

O obelisco de Constantino VII na pista original, a 2 metros abaixo da atual praça


Marca das placas de bronze que foram arrancadas


Nesta praça também estava os Cavalos de São Marcos que eram estátuas de bronze que foram saqueadas na Quarta Cruzada e levadas para Veneza. Mais tarde Napoleão também a levou de lá para Paris. Hoje elas estão de volta à Veneza, no Museu da Basílica.


MESQUITA AZUL

É famosa por ser a única mesquita de Istambul que possui seis minaretes. Em 1606. o sultão Ahmed I decidiu construir uma mesquita mais imponente e bonita do que a Igreja de Santa Sofia. Ela foi revestida com azulejos azuis e vitrais e é uma bela obra arquitetônica até hoje.

 Chafariz que faz um show entre a Mesquita Azul e Santa Sophia


A Mesquita Azul se diferencia por ter 6 minaretes 


Na entrada tem uma placa explicando como se trajar. O uso de shorts, minissaias, bermudas ou camisetas sem mangas desrespeitam a cultura muçulmana. Para isso, alguns funcionários da mesquita fornecem uma espécie de canga para cobrir as partes do corpo. Também não pode entrar com sapatos, devendo deixa-los no lado de fora.

Construída em um estilo clássico otomano com mosaicos azuis de Iznik


 Pátio interior da mesquita


 O interior é imenso e fica lotado de turistas


 Outra entrada da Mesquita Azul


Não se cobra para entrar na mesquita e costuma estar aberta à visitação nos seguintes horários: 08h30 às 12h15 / 14h00 às 16h15 / 17h15 às 18h30.

A mesquita possui local para a lavagem dos pés, um ritual sagrado 


Também conhecida como Sultan Ahmet Camii


BASÍLICA DE SANTA SOPHIA

Era uma segunda-feira e... a basílica estava fechada para o público. Não sei se foi por causa do dia, mas tive que adiar sua visita para quando eu retornasse no fim do roteiro.

A basílica que virou mesquita: Santa Sophia


CISTERNA DA BASÍLICA

Construída em 532 d.C. pelo imperador Justiniano, buscava evitar que Constantinopla ficasse vulnerável no caso de um ataque à cidade e fosse destruído seu aqueduto principal (o Aqueduto de Valente). Possui este nome pois fica perto da Basílica de Santa Sophia. São 336 colunas romanas trazidas de toda a Anatólia, a maioria de origem coríntia, procedentes de templos considerados pagãos pela nova religião. A cisterna tem capacidade para 30 milhões de litros. Foi utilizada como cisterna até o final do século 14.

São 336 colunas de 8 metros numa área de 9.800 m²


A cisterna foi cenário para o filme Moscou contra 007 (From Russia with Love)


Foram retirados blocos de pedra de templos romanos, a maioria em estilo coríntio


 Uma coluna bem diferente, uma das quais se desconhece de onde veio


A grande atração da Cisterna da Basílica (e também o maior mistério) são os dois blocos com a cabeça esculpida de Medusa, o ser mitológico que transformava em pedra quem olhasse nos seus olhos. As cabeças ficam no estremo noroeste da cisterna e, inexplicavelmente, foram colocadas na base de coluna, uma dela de cabeça para baixo e a outra de lado. Não se sabe de onde vieram essas esculturas e nem o motivo pelo qual foral instaladas desse jeito.

Calma, este ser não é mitológico


 A cabeça invertida de Medusa


 Perseu cortou a cabeça de Medusa quando descobriu que ela transformava pessoas em pedras


Funciona diariamente de 9h00 às 17h30. Mais informações no Site Oficial da Cisterna da Basílica.



EMBARQUE PARA A TERRA DE SÃO JORGE

Depois de rodar pelos principais pontos turísticos e algumas ruazinhas e mesquitas perdidas. Almocei num restaurante bem “pra turista comer”, que apesar da localização não era tão caro se comparado aos padrões brasileiros, mas se pode achar preços mais baixos na Turquia. Por falar em brasileiros, percebi que Istambul é uma espécie de Buenos Aires para nossos compatriotas de tantos que eu vi (e ouvi o português). 

Ruas do centro de Istambul


Segui andando pelas ruas para conhecer as partes secretas da cidade 


Será que este hotel tem alguma ligação com o Brasil?


Entrada de uma pequena mesquita com um cemitério islâmico


 E me deparo com essa muçulmana com óculos escuros


Cemitério com lápides no estilo islâmico


 Bazar Arasta, o mercadão aberto próximo à Mesquita Azul


 Loja com variados itens com arte turca


Enfim, aguardei os últimos minutos na agência até o embarque na van. O veículo ainda passou em alguns hotéis para pegar pessoas, mas, na verdade, não lembro muita coisa pois foi só começar a andar que eu entrei em modo hibernação! Só sei que demorou bastante por causa do trânsito engarrafado de Istambul neste horário.

Mapa de Istambul (clique para ampliar)


Embarque sem problemas na empresa "ching ling" Pegasus Airlines, rumo à terra de São Jorge: a Capadócia!


CUSTOS (setembro 2013)

- Transfer para o Aeroporto Sabiha Gokcen - 25 LT
- Entrada Cisterna da Basílica - 10 LT
- Almoço - 25 LT


MEU ROTEIRO


Roteiro completo: MISSÃO TURQUIA

Próximo: CAPADÓCIA


Comentários

Postar um comentário

Sobre o autor

Sobre o autor
Renan é carioca, mochileiro, historiador e arqueólogo. Gosta de viajar, fazer trilhas, academia, ler sobre a história do mundo e os mistérios da arqueologia, sempre comparando os lados opostos de cada teoria. Cada viagem que faz é fruto de muito planejamento e busca conhecer o máximo de lugares possíveis no curto período que tem disponível. Acredita que a história foi e continua sendo distorcida para beneficiar alguns grupos, e somente explorando a verdade oculta no passado é que se consegue montar o quebra-cabeça do mundo.