Exploração na região dos mosteiros de Kalambaka e sua paisagem de outro mundo
A partir da estação de trem de Larissa, em Atenas, tomei um trem noturno para Kalambaka, a cidade no interior da Grécia que fica próxima à região que concentra vários mosteiros isolados construídos sobre pilares de rocha de arenito. No início do século 17, alguns monges eremitas que procuravam um lugar seguro da ocupação otomana, construíram mais de 20 mosteiros nas pedras então consideradas inacessíveis. Destes, hoje em dia só existem seis: Megalos Meteoros (Grande Meteoro ou Mosteiro da Transfiguração), Varlaam, Ágios Stéphanos (Santo Estevão), Ágia Tríada (Santíssima Trindade), São Nicolau Anapausas e Roussanou (o único feminino). Reservei 2 dias da viagem para conhecer esse lugar incrível.
COMO CHEGAR?
Uma dica para chegar em Kalambaka de maneira bem econômica é comprar passagem de trem com antecedência pelo site www.trainose.gr em que se encontram tarifas de apenas 9 euros, com assentos marcados. Consegui comprar a ida + volta por apenas 18 euros. O trem partiu da Atenas às 23h55, fazendo a troca do trem em Paleofarsalos às 4h40. Depois da confusão para achar o vagão certo em Atenas, ter visto o trem superlotar no chão dos corredores, inclusive de militares gregos viajando para a páscoa no interior, e quase ter descido na estação errada antes de Paleofarsalos (um dos militares foi que ajudou a evitar), enfim cheguei em Kalambaka às 5h30 sob chuva e frio.
Chegada na estação de Kalambaka num madrugada fria
Fiquei hospedado no Hotel King que foi reservado pela internet. Como eu cheguei de madrugada e a reserva só começava às 12h00 (fiz assim para economizar), o recepcionista foi gente boa e me deixou dormir num quartinho nos fundos do hotel.
Minha cama 0800 ao chegar na madrugada
Para visitar Meteora não é preciso gastar dinheiro com as agências de turismo. Uma dica é usar o ônibus da KTEL que faz o traslado da cidade de Kalambaka até os mosteiros. Basta descer em um deles e depois seguir andando para os demais, apreciando a paisagem da região. A rota do ônibus é a seguinte: Estação de ônibus - Hotel Divani - Town Hall Square - Camping Virachos - Kastraki - Camping The Cave - Meteora (o ônibus pára em todos os monastérios). A estação fica perto do centro, basta perguntar na rua.
Os pilares de pedra podem ser vistos do meio da cidade
Os horários do ônibus normalmente são os seguintes:
- De Kalambaka à Meteora (ida): 9h00, 11h00, 13h00 e 17h00
- De Meteora à Kalambaka (volta): 10h00, 12h00, 14h00 e 18h00
Os monastérios de Rossanou e Agios Nikolaos
As opções e preços de passagem são os seguintes:
- Ticket Single (só ida): 1,60 euros
- Return Ticket (ida e volta): 3,00 euros
- All Day Ticket (embarque o dia todo): 5 euros
MONASTÉRIO GRANDE METEORO
É o maior dos mosteiros da região de Meteora e o mais interessante para se conhecer. Foi fundado por São Athanasios e deu início à construção de outros monastérios na região de Meteora que se tornaria sagrada mais tarde. A principal catedral, no pátio central, é embelezada com belos afrescos do século 16, um dos melhores exemplos de arte bizantina grega. Outra atração é a sacristia e as "salas novos mártires" (anteriormente um lar de idosos e hospitalar). No antigo refeitório dos monges existe parte de uma mesa original do século 16 é preservada, com os talheres originais sobre ela.
O Grande Meteoro é o mais bem preservado dos monastérios da região
A torre de onde eram içados os monges quando não havia escadas
Na parede onde foi construída a escada, é possível ver a formação arenosa da rocha
Nem todas as áreas do monastério podem ser visitadas e estão sinalizadas com placas. Os monges não gostam de ser fotografados, teve um que se assustou quando eu fui registrar o momento que ele colocava leite para os gatos beberem. Grande Meteoro possui algumas salas que funcionam como museu, retratando cenas antigas ou expondo pinturas e objetos da história do monastério.
O pátio interior do monastério
Os enigmáticos monges não gostam de ser fotografados
Uma das salas representa a adega e dispensa do monastério
Numa sala quase escondida está o sinistro ossuário
Os horários e dias de visitação de Grande Meteoro podem variar, mas normalmente segue dessa forma: Aberto de 9h00 à 15h00. Fechado às terças-feiras e quartas-feiras. A entrada custa 3 euros.
Um guerreiro representado num manequim feminino???
Pinturas do museu retratam cenas de santos sendo queimados e aparições nas pedras de Meteora
Em meio às pinturas do museu, algo me chamou bastante a atenção: são desenhos que retratam cenas históricas e mitológicas de Meteora relacionadas a religião ortodoxa. O mais surpreendente é que em umas dessas pinturas, as cenas se misturam com personagens da Segunda Grande Guerra, como soldados nazistas. Algo que é pouco falado na história é a busca de Hitler por informações nos monastérios e templos antigos, como no Egito e no Tibet, que confirmassem a descendência das raças humanas. Será que houve alguma exploração nazista em Meteora? Que mistério este quadro guarda?
O passado de Meteora está registrado através de imagens, seja mitológica ou real
Entre cenas de guerra, um soldado nazista aponta uma arma para um anjo acorrentado
Apesar de ter muita coisa interessante, a parte mais bonita do monastério é, sem dúvida, seu pátio que oferece um vista espetacular da cidade de Kalambaka e do monastério vizinho. Por ser mais alto, Grande Meteoro permite uma vista de cima do monastério de Varlaam.
O pátio externo funciona como um mirante da região
De longe é possível ver a cidade de Kalambaka
Do outro lado está o monastério Varlaam que pode ser visto de cima
MONASTÉRIO DE VARLAAM
Este é o segundo maior monastério depois de Grande Meteoro. Foi construído entre 1541 e 1542, concluído com a decoração em 1548. Na época que visitei, o monastério se encontrava em obra, prejudicando um pouco o acesso aos mirantes.
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Ao fundo, o monastério de Varlaam
O acesso às escadas é feito por uma ponte sobre o abismo
Neste monastério é possível ver a torre da antiga rede preservado, que foi utilizado pelos primeiros monges para a sua subida e descida do alto da rocha até a construção das escadas.
O acesso antigamente era feito através de roldadas de içamento até o alto. Hoje existem escadas
Para chegar no alto é preciso enfrentar a mega subida
Chegada nas instalações do monastério
O antigo refeitório foi transformado em um museu, onde os visitantes podem admirar os ícones religiosos pintados que são contemporâneos do período renascentista. É interessante observar o estilo de representação dos personagens religiosos e a simbologia escondida.
Área repleta de pinturas religiosas bem preservadas
Um anjo retratado com simbologias veladas na pintura
A figura de Jesus na visão bizantina. Atenção para o sinal feito com a mão, muito comum em imagens do gênero
Outra atração imperdível é o enorme barril de carvalho do século 16 para armazenamento de água
Das janelas do monastério a visão é espetacular
A única ponte de acesso parece tão frágil vista de cima
Os preços, dias e horários de visitação podem variar de acordo com a época do ano (inverno/verão), mas normalmente segue dessa forma: Aberto de 9h00 às 15h00. Fechado às quintas-feiras e sextas-feiras. A entrada custa 3 euros.
Fotografando um interessante brasão na porta de saída
Ao sair de Varlaam, seguindo a estrada de asfalto, ao chegar na bifurcação para Roussanou, continue pela esquerda (mesmo caminho para os monastérios Ágios Stephanos e Ágia Tríada) e por apenas algumas centenas de metros se chega no mirante de Meteora. O lugar possui estacionamento para quem vai de carro, mas fui caminhando tranquilamente até lá. É uma das vistas mais bonitas da região.
Deste ponto a visão de Meteora é panorâmica
As "torres" de arenito enfeitam a paisagem
Existe uma trilha que liga o mirante ao monastério de Roussanou
MONASTÉRIO DE ROUSSANOU
A placa sinaliza Roussanou como um convento
Em comparação com outras rochas onde mosteiros foram construídos, o de Roussanou tem uma elevação mais baixa, o que torna mais acessível. O mosteiro foi inicialmente fundado por monges e sofreu graves danos durante a Segunda Guerra Mundial.
Para chegar no monastério é preciso subir uma escadaria a partir da estrada
Monastério de Roussanou visto do mirante
Continuei descendo pela estrada de volta para a cidade. A partir de Roussanou, são quase 5 Km até o centro de Kalambaka. O clima agradável e a paisagem exótica fazem valer a pena uma caminhada assim.
Uma caminhada que os turistas não fazem. Não sabem o que estão perdendo!
As colunas de pedra fazem da paisagem uma coisa exótica
MONASTÉRIO DE SÃO NICOLAU DE ANAPAFSAS
O monastério de São Nicolau de Anapafsas fica a apenas 1 km de distância da aldeia de Kastraki. Para o nome Anapafsas existem inúmeras interpretações, sendo 2 delas as mais populares. A primeira é que o nome foi atribuído a um dos benfeitores do mosteiro, enquanto que a segunda explicação tem a ver com sua posição, sendo o primeiro monastério no caminho estrada acima e, provavelmente, serviu de descanso para os peregrinos e outros visitantes antes de seguir. A palavra anapafsys vem do grego e significa descansar, então, São Nicolau de Anapafsas significa, literalmente, São Nicolau do descanso.
Da estrada já se vê o estreito monastério de São Nicolau
O monastério é pequeno devido ao espaço restrito de construção, sendo que ele não possui nem mesmo pátio, logo cresceu na vertical. Na entrada encontra-se a Igreja de Santo Antônio e a cripta onde os códigos e as heranças do mosteiro foram armazenado. Nas paredes, pinturas do século 14 podem ser vistas. Normalmente, os horários e dias de visitação são os seguintes: Aberto de 9h00 às 14h:00. Está fechado às sextas-feiras.
Porta que dá acesso às escadarias do monastério
Ao chegar caminhando na vila de Kastraki, antes de Kalambaka, fiz uma parada para almoçar um souvlaki num boteco à beira da estrada. Com apenas 10 euros dá para comer e tomar um vinho. No dia seguinte as explorações continuam por Meteora e pelos demais monastérios.
Ao chegar na cidade, as colunas de pedra vão ficando para trás
MEU ROTEIRO
Anterior: MUSEU ARQUEOLÓGICO DE ATENAS
Roteiro completo: MISSÃO GRÉCIA
Oi Renan, me chamo Juliana e gostei mt da sua publicação.
ResponderExcluirFaz muito tempo que vc esteve lá?
Devo ir a Meteora no final de Maio, mas fiquei com algumas dúvidas sobre como chegar em Kalambaka de trem a partir de Atenas.
Primeiro, como foi pra se comunicar por lá? É tranquilo de se comunicar apenas em inglês?
e pra vc encontrar o trem certo na estação em Atenas, foi tranquilo? Complicado de ler em grego (rs) a estação possui sinalização em inglês?
Outra dúvida mt grande minha é sobre a baldeação em Palaeofarsalos, eu estou pensando em pegar o trem no mesmo horário que vc(saindo as 23:55 de Atenas)mas serão apenas 7 min para fazer a troca de trem. É mt complicado pra fazer essa troca? gostaria de saber melhor como foi sua baldeação.
Agradeço se puder tirar minhas duvidas.
abraço.
Oi Juliana, estive lá em abril de 2015.
ResponderExcluir1) comunicação: na Europa é tranquilo se comunicar, sempre tem alguém que fala inglês e espanhol, nem que seja arranhando. Um recurso que tenho usado ultimamente é o App do Google Tradutor offline. Basta baixar o idioma rs
2) Achar o trem não foi fácil porque os avisos de mudança de plataforma são dados em grego na estação. Leve os bilhetes em mãos e mostre para todos os funcionários em caso de dúvida. Não confie da informação de um só.
3) A troca em Palaeofarsalos não é tão complicada pois a estação é pequena. Os trens costumam ser pontuais, não tem problema o tempo de conexão. Só tenha certeza de descer na estação certa. Pergunte para confirmar. Teve uma parada longa antes de Palaeofarsalos e eu peguei a mochila para descer pensando que era lá, mas perguntei andes de desembarcar e o militar que estava no trem me explicou que ainda chegaria.
Espero ter ajudado!
Excelente. A descrição oferece uma ideia perfeita de toda a região dos mosteiros, além de oferecer informações precisas de como chegar lá. Com ela Renan demonstra ser um apaixonado pela busca do conhecimento e um grande observador da realidade circundante dos lugares que visita. A viagem a Klambaka já tem 7 anos, mas creio que ele já deve ter realizado muitas, por exemplo, ao inesgotável mundo cultural de Nápoles e seus arredores, que espero compartilhe com os seus seguidores. Parabéns, Renan.
ResponderExcluirGratidão por compartilhar 🌷
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