Travessia Serra dos Órgãos: De Petrópolis ao Açu (DIA 1)

Começando uma aventura clássica


A travessia da Serra dos Orgãos, da cidade de Petrópolis até Teresópolis, é considerada como uma das mais belas do Brasil além de ser um dos trekkings mais tradicionais do Estado do Rio de Janeiro. Para cumprir essa missão eu fui acompanhado de um amigo do trabalho e me preocupei em levar pouco peso, somente o necessário para dois pernoites na montanha. 

Mapa topográfico do primeiro dia de travessia (clique para ampliar) 


Itinerário e tempo médio de trilha da portaria de Petrópolis até o Açu


Consegui uma carona até a entrada do Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PARNASO) em Petrópolis. Para saber como chegar nessa portaria sem “carona”, leia o último post de dicas de planejamento aqui.

Entrada do Parque Nacional do lado de Petrópolis


Na portaria é possível comprar um livro guia com mapas para ajudar na travessia, custava R$ 40 na ocasião. Depois de pagar o ingresso de entrada, as diárias e o camping (valores aqui), a caminhada começou por volta das 09h30.

Antes de iniciar a trilha, existe um local de informações sobre a geologia do Parque, com direito a maquete com os principais pontos destacados com led.

Estande informativo sobre o PARNASO


Maquete com principais pontos da travessia iluminados por led


Cada ponto relevante é detalhado na maquete do Parque


Com cerca de 1 hora de trilha se chega na placa que direciona até a Cachoeira do Véu da Noiva, com cerca de 40 metros de queda d´água. Para chegr nela é necessário percorrer uma trilha de 4 Km a partir da portaria. Entrei na trilha apenas para conhecer as belas paisagens desse caminho, mas depois retornei ao percurso em direção ao Açu. 

Bifurcação sinalizada da Cachoeira Véu da Noiva e da Gruta do Presidente


Poço de pedras na trilha para a cachoeira


Pequena amostra das paisagens incríveis do Parque


SUBINDO A SERRA

A trilha até o Açu é marcada por grandes e monótonas subidas. A paisagem no início não é muito bonita, a trilha segue pela mata até chegar numa pedra. De lá se encara a primeira grande subida, a subida do Queijo. Esta subida segue em ziguezague até uma grande reta e, enfim uma descida.


O itinerário até o Açu tem a característica de muitas subidas e descidas


Depois de mais subidas e descidas, se chega num dos pontos de referência da travessia: a Pedra do Queijo. Este local serve como mirante do vale, a primeira grande vista da travessia. A pedra tem esse nome pelo formato arredondado, lembrando um grande queijo.

Vista do mirante da Pedra do Queijo


Um "morador" da Pedra do Queijo


Segui caminhando entre subidas e descidas (mais subidas que descidas!) até chegar numa laje de pedra. Ao passar a laje em direção a esquerda se continua pela trilha até chegar no próximo ponto, conhecido como Ajax, a 1.860 m de altitude. Este local é também um ponto de água característico por ter uma pedra com uma divisão no meio, como uma noz. Ali parei para descansar e almoçar. A água neste ponto, apesar de ser considerada como potável, é tida como duvidosa por alguns conhecedores da trilha. Por isso, usei pastilhas purificadoras (clorin) nos pontos de água pelo caminho.

No Ajax, meu amigo e eu conhecemos uma moça estilo hippie que pediu orientações sobre a trilha. Ela estava fazendo a caminhada de bate e volta até o Açu. Quando ela soube que estávamos fazendo a travessia sem guia se empolgou e falou que sempre sonhara em fazer, mas faltava coragem. Mesmo assim ela não poderia fazer naquele dia. Eu ouviria isso outras vezes pela trilha. A subida continuou até o próximo mirante conhecido como Isabeloca.

A Isabeloca é um outro mirante de referência na subida


Continuando a trilha a partir do Ajax, o que já parecia cheio de subidas fica ainda pior. A trilha sobe e fica cada vez mais íngreme, o terreno fica cada vez mais acidentado e o oxigênio cada vez mais raro. É cansativo. Logo se chega ao Chapadão, já bem alto, e existem várias opções de trilhas que seguem ao Açu. Nesse trecho a trilha cruza por lajes de pedra, então é preciso ficar atento. Uma dica para trilhas em lugar assim é prestar a atenção na parte mais branca no piso de pedra, marcado pela marca dos passos.


OS CASTELOS E O ABRIGO

Enfim se chega no Açu, com a visão de seus castelos únicos. Os Castelos do Açu são formações de pedra criadas pela erosão. É muito impressionante o formato das pedras que parece que foram partidas perfeitamente, como uma grande obra de uma fortaleza de rochas.

As formações de pedras que são comparadas a um castelo


Uma porta semelhante a Puerta de Hayu Marka ou apenas erosão?


Puerta de Hayu Marka - Região do Lago Titicaca no Peru em viagem de fevereiro de 2013


Fomos direto aos Castelos onde havia um rapaz sentado. Era o responsável pelo abrigo que se encontrava “zen” observando a natureza. Esses “guarda-parques” são voluntários do ICMBio e passam períodos cuidando do local. Além de explicar o funcionamento do abrigo, mostrou a vista da Serra dos Orgãos que se tem daquele ponto, a 2.216 m de altitude.

Dos castelos é possível ver o Abrigo do Açu


O Abrigo do Açu é um chalé pago com banho quente e cozinha com capacidade para 30 visitantes (12 beliches e 18 bivaque). Junto ao abrigo existe uma área de camping com capacidade para 70 pessoas. Pode-se trazer a própria barraca ou alugar. 

Apesar do conforto do chalé, optei pela economia de pernoitar na minha barraca


Outra curiosidade é o abrigo de pedras encaixadas feito nas paredes do Castelo. Na verdade esse é o chamado Abrigo 1 do PARNASO, podendo ser usado para pernoite dos montanhistas. É um abrigo de montanha histórico mas atualmente pouco usado com a popularização das barracas e com a construção do abrigo estilo chalé, com todo o conforto disponível para apoio aos montanhistas.

O rústico Abrigo 1 do PARNASO


Depois de conhecer o conforto do abrigo que mais parecia um chalé, resolvi ficar na barraca mesmo então a montei. Deixei minha mochila lá e continuei explorando a área, a começar pelos exóticos Castelos do Açu.

Exploração no mistério dos Castelos do Açu


Pedras partidas que deixam qualquer um minúsculo em seu meio


É quase impossível aceitar que as rochas partidas foram feitas naturalmentes


Espaço entre pedras que são idênticas a pareces


Dos Castelos é possível observar alguns objetivos ao longe, como a Pedra do Sino


Já com o pôr do sol chegando e a temperatura baixando, fui em direção à cruz fixada num dos pontos altos do Açu, considerado um dos melhores mirantes da travessia. A cruz colocada lá faz homenagem àqueles que morreram tentando a travessia. 

Cruz do Açu colocada em homenagem aos que ficaram pelo caminho


"Aos que aqui vieram e aqui ficaram"


No meio da vegetação típica da Serra dos Órgãos


A próxima missão seria contemplar a paisagem das montanhas


Eis que o espetáculo do sol se inicia e proporciona a primeira das mais belas paisagens que eu teria no caminho. Como o sol se foi e o frio chegou feroz, me recolhi à barraca para descansar para a travessia propriamente dita do Açu até a Pedra do Sino que iríamos encarar na próxima manhã.

Vista de Petrópolis a partir do Açu


Observar a paisagem de cima do Açu é uma das atividades mais inesquecíveis 


Um pôr-do-sol dos mais belos segundo aqueles que já assistiram de lá


Recuperando as energias para o dia seguinte num jantar em conservas na barraca


MEU ROTEIRO

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Sobre o autor

Sobre o autor
Renan é carioca, mochileiro, historiador e arqueólogo. Gosta de viajar, fazer trilhas, academia, ler sobre a história do mundo e os mistérios da arqueologia, sempre comparando os lados opostos de cada teoria. Cada viagem que faz é fruto de muito planejamento e busca conhecer o máximo de lugares possíveis no curto período que tem disponível. Acredita que a história foi e continua sendo distorcida para beneficiar alguns grupos, e somente explorando a verdade oculta no passado é que se consegue montar o quebra-cabeça do mundo.