COLONIA DEL SACRAMENTO

Um pouco de Portugal no Uruguai

 
 
 Assim como todo o Uruguai, Colonia está repleta de carros antigos
 
 
Era 04h00 da manhã e eu já estava acordado em Montevidéu. Peguei o ônibus às 05h00 com destino a Colonia del Sacramento. Foram 177 Km em 2h45min de viagem.


Colonia del Sacramento foi uma cidade originada de uma vila fundada por Portugal, próximo ao Rio da Prata, para facilitar o acesso aos contrabandos de produtos portugueses á Buenos Aires, uma vez que a Coroa Espanhola havia proibido o comercio de alguns produtos como açúcar e couro vindos do Brasil para preservar seu mercado. Mais tarde foi usada como ponto estratégico para finalidades bélicas. Ao longo dos séculos, passou ao domínio da Espanha e de Portugal diversos momentos de forma alternada, por isso possui características arquitetônicas mescladas.

 
A primeira missão seria arrumar um guarda-volumes para deixar a mochila, afinal eu só estava de passagem pela cidade até o embarque no ferryboat para Buenos Aires. Porém, nesse pouco tempo eu teria a minha segunda missão: conhecer a cidade toda! Para melhorar caía uma chuva intensa na cidade.
Existe guarda-volumes no Terminal Rodoviário, de graça, localizado em frente aos banheiros. Mas, ao procurar a administração para solicitar uma porta, me informaram que não havia nenhum disponível. Até agora eu não sei se realmente não havia ou se os próprios funcionários estavam usando.
No terminal também existe um guarda-volumes pago, particular, mas estava cedo e ainda não tinha aberto. Procurei na cidade e encontrei bem no caminho para o porto do ferry, na Av. Buenos Aires. Na Loja Viaggio, de aluguel de veículos, cobraram 55 pesos.

 
REAL DE SAN CARLOS
 
Resolvido o problema da mochila, fui para Real de San Carlos, local que fica a 5 Km de distância e cujas construções relembra a época áurea das touradas espanholas no Uruguay (não, eu não aprovo as touradas, mas faz parte da história do lugar). Para chegar lá de uma maneira econômica é só pegar um ônibus coletivo que passa a cada 30 min na Av. General Flores, a duas quadras do terminal rodoviário, e cobra só 15 pesos.

 

Em Real de San Carlos, o ônibus já deixa em frente a Plaza de Touros, uma arena no estilo mouro construída em 1910. A construção se encontra muito mal conservada, tanto que há um aviso para "não passar". Mesmo assim eu me arrisquei para conheceras ruínas históricas.






 Depois passei para conhecer o antigo hipódromo e a praia de Real de San Carlos. Lá também se pode conhecer o Museu Paleontológico. A cartela de tickets para conhecer todos os museus se vende no Museu Municipal. Fique atento que os museus se revezam e nem todos estão abertos diariamente. Para conhecer quais os museus existentes e informações úteis, clique no site http://www.uruguai.org/museus-em-colonia/.
 
Frontón del Real de San Carlos

Playa Real de San Carlos

Voltando para o centro de Colonia, um bom lugar para iniciar o passeio é a Puerta de Campo, com a antiga muralha da cidade (ou o que restou). Próximo dali, está a Plaza Mayor, onde se encontram as principais ruínas históricas como o Farol de Colonia e o Convento São Francisco. Também nesta área está a maioria dos museus.

 
  
 
Outro ponto famoso se encontra próximo a praça: a Calle de los Suspiros, é uma rua ainda preservada da época da colonização e que possui diversas teorias sobre este nome, desde os suspiros das esposas ao verem os maridos se aproximando de barcos após combates, até a possibilidade de ser uma rua de prostituição.
 

 
 
 

Seguindo as ruas que beiram o litoral, se chega no Porto de Yates e no Bastion de Carmen (bastiones são antigas fortificações) no final da Calle Rivadávia.

 

 
 Dentre os diversos museus (Português, Espanhol na Calle S. Jose y Calle de España, Indígena, del Azulejo, Casa Nacarello e Arquivo Regional) o que eu mais me interessava era o Museu Português pela proximidade histórica com o Brasil. Fica em frente a Plaza Mayor e se encontra numa antiga construção portuguesa, contendo mapas de navegação antigos e objetos portugueses.

Entrada do Museu Português
 
Escudo Português no Museu Português


 
 
A história do envolvimento do Brasil e a Província Cisplatina
 
Se pode perceber as fases de construção da cidade pela arquitetura: a parte portuguesa possuem ruas curvas e estreitas e a parte espanhola ruas largas e paralelas. Acho que ficou claro o problema que passamos hoeje em dia com o trânsito no Brasil.... Também temos o exemplo do Museu Municipal que fica sediado num antigo casarão cujo piso inferior é português e o segundo andar é espanhol.


 

DESTINO: BUENOS AIRES

Depois de conhecer a cidade histórica parei para comer algo num restaurante na Av. Artigas e resolvi olhar o bilhete da Buquebus. Eram 15h30 e o a saída do ferry seria apenas às 16h45. Tudo estaria sobre controle, mas eu não havia lido uma pequena linha que dizia que o check in deveria ser feito 2h antes da saída, ou seja, eu já estava quase uma hora atrasado! Cancelei o pedido, joguei a mochila nas costas e corri para o porto... até o presente momento eu só havia tido exemplos da pontualidade uruguaia e não estava afim de ser barrado para o embarque.

 
Como a viagem de ferry é internacional, após o check in, se passa pela imigração (uruguaia e argentina, um ao lado do outro), isso faz com que o embarque seja mais lento por causa das fila e eu não tive problemas por causa do horário. A fome, porém, continuava e, após despachar a mochila fui comprar um lanche na rodoviária (fica a uns 200 metros do porto). Foi só eu entrar na lanchonete e caiu uma chuva monstruosa, só para eu ter que voltar ensopado.

Não houve problemas com a imigração e a viagem foi tranquila, apenas 1h de deslocamento, e eu já chegava na terra dos hermanos argentinos.





GASTOS DO DIA

Guarda-volumes – 55 pesos
Ida para Real de San Carlos – 15 pesos
Volta de Real de San Carlos – 15 pesos
Lanche – 125 pesos
Combo dos museus – 50 pesos


MEU ROTEIRO

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Sobre o autor

Sobre o autor
Renan é carioca, mochileiro, historiador e arqueólogo. Gosta de viajar, fazer trilhas, academia, ler sobre a história do mundo e os mistérios da arqueologia, sempre comparando os lados opostos de cada teoria. Cada viagem que faz é fruto de muito planejamento e busca conhecer o máximo de lugares possíveis no curto período que tem disponível. Acredita que a história foi e continua sendo distorcida para beneficiar alguns grupos, e somente explorando a verdade oculta no passado é que se consegue montar o quebra-cabeça do mundo.