Romênia: Sighișoara, a cidade natal de Drácula

Lendas da cidade medieval romena mais bem preservada da Transilvânia


A origem de Sighișoara é semelhante de outras cidades medievais da Transilvânia. Durante o século 12, o Rei da Hungria convidou artesãos e comerciantes alemães para colonizarem a região e assim aproveitar a habilidade alemã de organização urbana e construção de fortificações. Esses alemães ficaram conhecidos como saxões da Transilvânia. Mas, apesar da beleza medieval da cidade, Sighișoara é famosa por outro motivo: foi a cidade natal de Drácula!


COMO CHEGAR?

Apesar de Sighişoara estar distante 117 km de Braşov, é possível fazer o passeio de um dia por conta própria, sem precisar contratar um tour. Para isso, basta pegar um trem ligando as duas cidades. A viagem dura em torno de 3 horas, mas a viagem tem certo conforto. Existem 2 tipos de trem na Romênia, o regional (mais barato) e o Inter-regional (um pouco mais caro, mas com ar condicionado). Este último liga diferentes regiões do país e pára em certas estações no caminho.

Embarquei num trem Inter-regional rumo a Sighişoara


Peguei o trem das 8h50 em Braşov que me custou 39,50 Lei. Pode ser comprado em qualquer guichê. O trem era bem confortável, com ar condicionado e tomada elétrica. Da janela, os campos distantes da Transilvânia davam um show de imagens.

Casinha do interior da Transilvânia parece uma pintura


Campos de feno sendo recolhidos para o inverno


Passagem pelo subterrâneo da pequena estação de Sighişoara 


FORA DA CIDADELA

Cheguei em Sighișoara por volta das 11h30 e já comprei o bilhete de passagem para garantir a volta a Braşov. A cidade é bem pequena e dá para fazer tudo a pé. Ao sair da estação ferroviária, peguei a primeira esquerda e fui em direção à cidade, passei pela catedral ortodoxa e atravessei, já vendo a antiga cidadela (cidade fortificada) medieval.

A estação de trem simples e bem preservada


Tranquilidade de uma cidade do interior da Transilvânia


Ponte sobre o Rio. Ao fundo está a cidadela


Catedral ortodoxa


Basta subir uma escadaria curta para chegar no alto da cidadela 


Sighișoara mantém o clima medieval da antiga Transilvânia


A CASA NATAL DE DRÁCULA

A maior atração da cidade é uma casa amarela de 3 andares que não tem nenhuma beleza arquitetônica evidente. O motivo é que foi naquela casa que morou Vlad Dracul, que mais tarde governou a Valáquia. Através do Rei da Hungria se tornou um membro da Ordem do Dragão. Isso deu origem a seu sobrenome romeno Dracul ("o Dragão"), para o qual seus filhos se tornaram conhecidos como Draculea ("filho de Dracul"). Foi nessa casa de Sighișoara onde nasceu seu filho Vlad Tepes cuja história de crueldade ao empalar seus inimigos teria inspirado Bram Stoker na criação do famoso personagem vampiresco em 1897.

Nessa casa teria nascido a pessoa que inspirou Bram Stoker a criar o personagem Drácula


Vlad Dracul morou nesta casa entre 1431 a 1435


Arco lateral da casa de Vlad Dracul


Vlad Tepes provavelmente nasceu nesta casa no ano de 1431 e supostamente também morou ali até os 4 anos de idade. Atualmente naquela casa funciona um bar e um restaurante chamado Vlad Dracul Restaurant, obviamente com preços caros por ser um ponto turístico. Além do restaurante, o estabelecimento permite a visita ao quarto onde teria nascido o Drácula.

Mesmo quem não vai almoçar no restaurante pode visitar o quarto do Drácula por 5 Lei


O interior da casa é todo decorado com tema sobre o Vlad Tepes


Uma armadura medieval


Armas medievais


É óbvio que eu, ao entrar naquela casa, esperava encontrar um local histórico, afinal Vlad Tepes inspirou um dos personagens mais famosos do mundo. Foi então que, quando entrei no recinto, meu queixo quase caiu... No primeiro salão, todo decorado com panos vermelhos e pretos, havia um caixão com um "figurante de Drácula" que simulava que estava morto e assim que algum visitante se aproximava, ele dava um grito para assustar! Pois é, totalmente pastelão! Ridicularizaram aquele local histórico, afinal, é isso que o povo quer ver 😐😒

Um figurante de Drácula "morto" num caixão...


... e quando um desavisado chega perto ele ataca: buuuuu! 🙈


Pelo menos aquela cena grotesca acontece no salão anterior. Logo ao lado está a entrada para o quarto onde Vlad Tepes teria nascido. Apesar da decoração seguir a mesma linha hollywoodiana (na verdade, parece cenário do Chapolim!) os objetos são relacionados à época e ao principal personagem.

Uma excursão escolar visitando o quarto do Drácula


Retrato do temível Vlad, o Empalador


Pintura que retrata o empalamento dos inimigos de Vlad


Busto de Vlad Tepes


OUTRAS ATRAÇÕES

A pequena cidade pode ser explorada em poucas horas por ser bem pequena. Depois de visitar a casa natal de Drácula, segui pela esquerda até chegar na chamada Escada Escolar (Scara Scolarilor), que tem esse nome pois leva ao alto de uma colina onde está localizado Liceu Joseph Haltrich

A cidade medieval é muito bem preservada


Uma estranha obra de arte na esquina desta casa


A subida da Escada Escolar é coberta


Ao lado da escola está a Biserica din Deal, uma igreja luterana de estilo gótico tardio. Atrás da igreja está o Cemitério Alemão. Caminhei por entre as lápides neste lugar que poucos turistas transitam. Algumas lápides são simples, outras são bem bonitas, tem até lápide em forma de obelisco egípcio.

Igreja luterana de Sighișoara


Cemitério Alemão no alto da colina


Vista de algumas das antigas torres da cidadela


Desci pelo outro caminho para conhecer as ruas tranquilas da cidade. Passei pela torre chamada Turnul Măcelarilor que havia sido destruída num incêndio em 1676 e depois reconstruída. Hoje funciona um ateliê aberto ao público (não paga para entrar). 

Evitei a escada na descida e desci pela rua mesmo


As torres que defendiam a cidadela ainda permanecem de pé


Ateliê no interior de Turnul Măcelarilor


A cidade possui várias lojinhas de artesanato e lembranças, principalmente relacionadas a Drácula


TORRE DO RELÓGIO

Essa torre construída em 1360 tinha como objetivo defender o portão de entrada na cidadela. Ela mede 60 metros de altura e hoje funciona o Museu de História de Sighișoara. Aberto de terça a sexta, de 9h às 18h30; Sábado e domingo, das 10h às 17h30; Fechado na segunda-feiras. 

A Torre do Relógio é um dos símbolos da cidade de Sighișoara


Túneis por baixo da torre eram as principais entradas da cidadela


Instrumental médico antigo


Um antigo sapato de madeira


O alto da torre de 60 metros existe uma varanda que é o melhor mirante da cidade. O mais curioso são estranhos bonecos que decoram alguns nichos. Todos tem significados exotéricos e alquímicos.

Bonecos de bata branca e símbolos astronômicos


Bonecos de um casal com um "filho" bem diferente


Os 7 bonecos retratam os 7 dias da semana, 7 deuses antigos, 7 planetas e 7 metais básicos


No alto há uma varanda com 360 graus de observação a 60 metros de altura


A torre permite uma excelente vista de Sighișoara


Placas direcionando as principais cidades da Europa estão distribuídas na varanda da torre


RETORNO PARA BRAȘOV

Às 15h30, peguei um trem regional de volta a Braşov (18,30 Lei). A viagem foi tranquila e às 18h40 retornei à minha cidade de origem. Apesar da longa distância, esse é um passeio de um dia que pode ser feito por qualquer um, sem agência de tour ou ter que alugar carro. No dia seguinte seria a vez de explorar o Castelo do Drácula.

Descida da cidade fortificada


VEJA O VÍDEO

Assista as imagens dessa aventura no Youtube e aproveite para se inscrever no canal e deixar seu like 👍!



CUSTOS (agosto 2017)

- Trem Braşov x Sighişoara - 39,50 Lei
- Quarto onde nasceu Drácula - 5 Lei
- Museu de História de Sighișoara - 15 lei
- Trem Sighişoara x Braşov - 18,30 Lei


MEU ROTEIRO

Anterior: BRAȘOV

Roteiro completo: MISSÃO UCRÂNIA-ROMÊNIA



Comentários

  1. Bom dia,

    Adoro seus relatos, são todos instigantes e motivadores! Parabéns! Sucesso ao blog e que vc possa continuar evoluindo sempre! Um abraço fraterno cara!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado pela mensagem, fico feliz em saber que está gostando. Abraço!

      Excluir

Postar um comentário

Sobre o autor

Sobre o autor
Renan é carioca, mochileiro, historiador e arqueólogo. Gosta de viajar, fazer trilhas, academia, ler sobre a história do mundo e os mistérios da arqueologia, sempre comparando os lados opostos de cada teoria. Cada viagem que faz é fruto de muito planejamento e busca conhecer o máximo de lugares possíveis no curto período que tem disponível. Acredita que a história foi e continua sendo distorcida para beneficiar alguns grupos, e somente explorando a verdade oculta no passado é que se consegue montar o quebra-cabeça do mundo.